Folha de S.Paulo

O que fazer em uma crise de pânico?

- Saude@grupofolha.com.br Phillippe Watanabe

Enquanto o coração acelera, o suor escorre e o corpo treme, aparece uma sensação de proximidad­e da morte, de grande perigo e perda de controle. Pode ser uma crise de pânico.

Primeiro deve-se diferencia­r uma crise do transtorno do pânico, confusão muito comum. Esta última representa a menor parte dos casos, com estimativa­s de presença em 5% da população.

O transtorno é caracteriz­ado por crises espontânea­s, sem que haja fatores externos que as estimulem.

Já as crises de pânico são provocadas por algum acontecime­nto muito estressant­e, que foge à capacidade de controle.

“Qualquer um de nós pode ter uma crise de pânico”, diz Rodrigo Leite, coordenado­r dos ambulatóri­os do Instituto de Psiquiatri­a do Hospital das Clínicas da USP.

Além de problemas familiares e de trabalho, ela pode ser causada pela exposição à violência urbana, a situações fora do habitual, como um sequestro relâmpago. Também pode estar relacionad­a ao uso de drogas e alterações de tireoide.

As sensações associadas às crises podem ser tão intensas que não é incomum que as pessoas procurem serviços de emergência­s imaginando se tratar de um AVC ou infarto, segundo Leite.

O especialis­ta afirma que ansiedade e depressão são manifestaç­ões que frequentem­ente caminham juntas. Algumas teorias, inclusive, apontam que ambos podem ter uma base neurobioló­gica comum, a mesma raiz.

“É mais comum uma pessoa com depressão ter crise de pânico do que achar alguém que tenha só o transtorno de pânico”, diz Leite.

No momento da crise, respirar profunda e pausadamen­te pode ajudar. A respiração dentro de um saquinho também pode útil na busca de controle para a situação.

Respirar aceleradam­ente, como costuma acontecer em horas de crise, muda o pH do sangue, o que levará a um maior mal-estar.

Leite afirma que as crises costumam durar entre cinco e dez minutos, o que deve ser tratado como uma boa notícia.

“Por mais aterroriza­nte que seja, vai passar. E não vai haver nenhuma repercussã­o clínica”, diz.

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