Folha de S.Paulo

Denver resume últimas tendências urbanas, com vida ao ar livre, arte e cultura vegana

Cidade concentra a turma do kombucha e da salsicha de soja e tem um mega sistema de compartilh­amento de bicicleta

- Júlia Zaremba

Denver consegue reunir as últimas tendências de urbanismo, arte e consumo em um único lugar.

Com cerca de 700 mil habitantes, a capital do estado do Colorado tem um dos maiores sistemas de compartilh­amento de bicicleta dos Estados Unidos, distritos de arte com grafites e grande oferta de restaurant­es veganos.

Denver foi a primeira cidade americana a legalizar, em 2016, o uso social da maconha em estabeleci­mentos comerciais e foi eleita pela revista Forbes em 2017 a sexta melhor localidade para jovens profission­ais viverem e trabalhare­m.

Na capital do estado, faz 300 dias de sol por ano, segundo o órgão de promoção do turismo do país. Já que a chance de chuva é pequena (a reportagem não deu sorte e pegou alguns dias molhados em maio deste ano), dispense o Uber e coloque um sapato confortáve­l para explorar a cidade a pé ou de bicicleta. A segunda opção é mais emocionant­e.

Denver tem mais de 800 magrelas compartilh­áveis, espalhadas por 87 estações. Para encontrá-las, basta baixar o aplicativo do BCycle ou arrumar um mapa das ciclovias. O aluguel custa US$ 35 (cerca de R$ 136) para um dia de uso.

Quem quiser uma ajuda profission­al para definir o trajeto pode contratar uma empresa que organiza roteiros de bike.

A Colorado Wilderness cobra em torno de US$ 110 (R$ 428) por pessoa por um tour de cerca de quatro horas em grupo (quanto menos gente, mais caro). Buscam e levam de volta para o hotel.

A reportagem acompanhou um dos tours urbanos da empresa. Alerta: a pedalada pode ser cansativa, isso porque a cidade fica a mais de 1.600 metros acima do nível do mar (altitude equivalent­e à de Campos do Jordão, em São Paulo, a mais alta do Brasil) e ainda tem baixa umidade.

Portanto, a dica é não exagerar na intensidad­e do exercício e beber muita água.

As ciclovias, muito bem sinalizada­s, correm por praticamen­te toda a cidade.

Símbolos pintados na pista indicam se o espaço é compartilh­ado com pedestres ou exclusivo para bicicletas e até delimitam uma área ideal para pedalar quando houver vagas de estacionam­ento ao lado, para que o ciclista não seja atingido pela porta de um carro. Para decifrar o que cada desenho significa e onde encontrar cada um desses tipos, é bom ter um mapa em mãos.

Um dos pontos do roteiro de bike, pela trilha Cherry Creek, que acompanha o traçado do rio de mesmo nome, é o Washington Park, na região centro-sul de Denver.

Para aproveitar o espaço, estenda uma canga e relaxe, em meio a árvores e pássaros, ou dê uma volta de pedalinho por um dos três lagos.

O percurso também incluiu outro parque, o Confluence, onde as águas dos rios South Platte e Cherry Creek se encontram. As correnteza­s permitem a prática de caiaque —isso no centro da cidade. A água não é lá das mais limpas, então é melhor se segurar dentro da embarcação.

Pausa para matar a fome: perto do Confluence Park, ficam dois restaurant­es moderninho­s, o Crema Coffee House e o City, O’ City, ambos bem avaliados em sites especializ­ados e citados em listas de lugares para conhecer em Denver.

O primeiro é mais recomendad­o para ir no café da manhã ou para comer um brunch.

A decoração tem quadros com os dizeres “black lives matter” (vidas negras importam, movimento que combate a violência contra negros) e “imigrantes e refugiados são bem-vindos”, além de paredes com tijolos expostos.

Uma boa pedida é o sanduíche com salsicha vegetarian­a, mostarda de cebola com maçã e chucrute de beterraba, acompanhad­o de um suco de cenoura, maçã, beterraba e gengibre —com seu nome escrito no copo.

A refeição custa US$ 14,80 (cerca de R$ 58). O cardápio inclui também quiches, saladas e outros sanduíches, além de café e kombucha, bebida feita com chá fermentado.

Já no City, O’ City, vegetarian­o com trilha sonora alternativ­a, o menu tem desde ca-

fé da manhã até pizza.

Um dos pratos mais populares é o mac and cheese (macarrão com queijo) com tofu, molho barbecue e salada de repolho. Sai por US$ 12 (em torno de R$ 47). Os pratos do não costumam passar muito desse valor, com exceção das pizzas grandes, a partir de US$ 23 (R$ 90).

Em alguns momentos, será preciso deixar a bicicleta de lado e dar uma volta de carro.

A cerca de 20 quilômetro­s do centro de Denver, na cidade de Morrison, fica o anfiteatro Red Rocks, um dos mais icônicos palcos de concertos do mundo. Beatles, U2, Bruce Springstee­n e Jimi Hendrix foram alguns dos artistas que se apresentar­am no lugar.

Trata-se de uma formação natural em meio a estruturas rochosas com mais de 90 metros de altura (a estátua da Liberdade tem 93 metros).

Graças à boa acústica, o local começou a receber shows em 1906, em uma estrutura então temporária. O anfiteatro como é conhecido atualmente foi inaugurado em 1941.

Fora a música, o Red Rocks abriga sessões de cinema e aulas coletivas de ioga e faz parte de um parque (de mesmo nome), procurado por quem quer fazer trilhas e passeios de bicicleta —são oferecidas ainda visitas guiadas.

E para quem estiver em busca de fotos, para além dos parques, os distritos de arte de Denver são um bom pano de fundo para selfies.

O RiNo (River North Art District) é uma espécie de Beco do Batman —ponto conhecido no bairro da Vila Madalena, na capital paulista— mais extenso. Há pinturas e grafites coloridos em muros, casas e fachadas de lojas.

A região também tem galerias de arte. A maioria só abre as portas para o público na primeira sexta de cada mês.

Outra atração do distrito é o Crush, um dos maiores festivais de arte do mundo, realizado todo mês de setembro. Em 2017, foram pintados mais de 80 murais durante o evento.

O RiNo tem um irmão na cidade, o distrito de arte de Santa Fé, reduto de latinos. É lá que ficam o Museo de las Americas, de arte latino-americana, e mais de 30 galerias de arte e estúdios, que também só costumam abrir na primeira sexta de cada mês.

Algumas são abertas para visitas fora do dia oficial, como a Chac (conselho de humanidade­s e arte chicanas), que reúne obras da comunidade latina e promove eventos de música e dança.

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Divulgação Antifeatro Red Rocks, em Morrison, a 20 km do centro de Denver
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Júlia Zaremba/Folhapress
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Fotos Evan Semon/Visit Denver/Divulgação 1 Aula coletiva de ioga noRed Rocks Amphitheat­re, a20km do centro da cidade2 Grafite no River North Art District (RiNo)3 Ciclistas participam do Denver Cruiser Rides, passeio que acontece semanalmen­te na cidade
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