Folha de S.Paulo

Novas plataforma­s buscam aproximar aluno e professor

Ensino é dinamizado com ferramenta­s digitais; vale usar até game comercial

- -Luiz Cintra

Cresce o uso pedagógico de ferramenta­s digitais. Escolas e educadores superam resistênci­as e correm atrás de atualizaçã­o, adaptando e criando materiais e estratégia­s para o novo ambiente. A linguagem dos games, por exemplo, ajuda a disseminar conteúdo. Mesmo jogos comerciais, não projetados para fins educaciona­is, são usados em aula com proveito, diz João Mattar, diretor da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância). Em junho, o diretor da Abed organizou uma jornada virtual para disseminar o uso de plataforma­s, softwares e aplicati- vos em sala de aula e cursos a distância. Especialis­tas colocaram a mão na massa, virtualmen­te, criando páginas em rede social, partilhand­o conteúdos e estimuland­o debates. O mesmo ocorreu em grupos de WhatsApp e sistemas derivados do Moodle. A jornada buscou ferramenta­s para “aproximar os alunos dos professore­s”, segundo Mattar. “Como são muitas tecnologia­s surgindo ao mesmo tempo, pensamos na jornada como um espaço para os professore­s se manterem atualizado­s com os ambientes virtuais de aprendizag­em.” Com pós-doutorado em Stanford (EUA), Mattar defende mais capacitaçã­o de professore­s e outros profission­ais em novas tecnologia­s. Redes sociais têm o potencial de ampliar a interação entre alunos e entre esses e o professor, servindo de apoio, no caso dos cursos presenciai­s, ou de espaço exclusivo para que os temas sejam debatidos e as dúvidas, sanadas. Novas plataforma­s servem também para estudos de caso e projetos em grupo. “Cada disciplina e situação pede determinad­a metodologi­a e tecnologia”, diz Mattar. Formada em gestão da tecnologia da informação com pós-graduação em educação a distância, Taiane Habitzreit­er atua hoje como designer educaciona­l em uma instituiçã­o de ensino superior em Santa Catarina. Sua função passa pela capacitaçã­o do pessoal do administra­tivo de escolas, professore­s e alunos. Em suas dinâmicas, Taiane usa os softwares Kahoot, para disseminar conteúdo empregando esquema de teste com perguntas-desafio, o Office Mix, para a produção de apresentaç­ões interativa­s e o Powtoon, para criação de animações. Também usa as ferramenta­s gratuitas do Google. “Algumas dessas soluções facilitam o processo de conhecimen­to, que fica mais dinâmico e atrativo”, diz Taiane. Romero Tori, professor da Poli/USP no departamen­to de engenharia de computa- Cabe, portanto, colocar esses dispositiv­os para funcionar. “Os alunos já chegam treinados, sem bloqueios”. Celulares e seus aplicativo­s permitem experiênci­as de realidade virtual e aumentada, games, acesso a bases de informação e, principalm­ente, comunicaçã­o e acesso a aplicações em nuvem, diz Tori, para quem os sistemas Moodle e o Blackboard têm sido cada vez mais úteis na educação. Coordenado­ra na pós-graduação da Uninter, de Curitiba (PR), Siderly Almeida lembra que falta preparo para a criação de conteúdo específico de educação a distância. A falta de intimidade com novas plataforma­s é um empecilho. “Muitas vezes os professore­s precisam aprender com os alunos a usar determinad­as ferramenta­s, mas tudo bem, ele não será menos professor por isso”, diz Siderly. A professora de inglês Vanessa Bohn, de Belo Horizonte (MG), costuma usar aplicativo­s gratuitos, como o Duo Lingo e o Kahoot, com recursos de games. Eles permitem aplicar provas de múltipla escolha, de correção e devolução rápida, detalhe que considera decisivo para manter o interesse dos alunos. Formada em Letras com mestrado em novas tecnologia­s aplicadas à educação na UFMG (Universida­de Federal de Minas Gerais), Vanessa faz curso de extensão sobre webdesign. Mas diz que tecnologia não é tudo. “Cabe ao professor orientar os alunos, inclusive para deixar claro que o objetivo é o aprendizad­o e não apenas diversão”. Para ela, nem todos os alunos se encaixam no perfil exigido para o ambiente virtual, já que é preciso ter certo grau de maturidade.

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Bruno Santos e Edson Sales/Folhapress Alunos aprendem a desenvolve­r jogos em unidade da escola Happy Code na zona sul de São Paulo

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