Folha de S.Paulo

Musical pouco mudou em 30 anos, mas lustre cai mais rápido

- MLB

Pouco mudou nos 32 anos de “O Fantasma da Ópera”. Fora alguns detalhes, a maioria técnicos, o que se vê hoje no musical é praticamen­te o mesmo da estreia do original, na Londres de 1986.

Da mesma maneira, a versão do musical que estreia para o público nesta quinta (2), em São Paulo, é muito semelhante à vista há 13 anos no mesmo palco, o Teatro Renault, à época chamado Teatro Abril.

“Trinta anos depois, é um espetáculo que não parece datado”, afirma o diretor americano Arthur Masella, que há 25 anos encena franquias de “Fantasma” no exterior e, além da atual, assinou a montagem brasileira de 2005.

Trata-se de uma homenagem à época vitoriana e à linguagem do melodrama, lembra Rachel Ripani, diretora residente da montagem. “Há muita referência histórica, não tem por que fazer mudanças.”

São os ares de suspense da literatura gótica do século 19 que permeiam o musical, criado pelo inglês Andrew Lloyd Webber a partir do romance homônimo de Gaston Leroux.

Baseado em lendas e histórias reais que rondaram o Palais Garnier, a ópera nacional de Paris, o escritor francês criou o drama de uma figura misteriosa que assombra as entranhas do teatro em 1881.

Com o rosto transfigur­ado, cobre-se com uma máscara e vive escondido nos subsolos do palácio, até que se apaixona pela jovem Christine, bailarina e corista da ópera. Acaba se aproximand­o dela e virando seu mentor musical.

O tom gótico do livro, publicado em 1910, dá mais espaço ao romance na versão musical da trama. “E Andrew ainda captou esse ar romântico nas suas canções”, afirma Masella.

Mas este é também um espetáculo de suspenses. Ouve-se vozes e ruídos de vários cantos e há sempre a sensação de que o fantasma está rondando o teatro. “Queremos dar uns sustos na plateia”, brinca Ripani.

Não se trata de uma produção espetaculo­sa, diz Masella (“se você olha de perto, é só uma caixa preta com elementos dentro”), mas tem entre suas cenas mais famosas a queda de um lustre de quase 700 kg, que para a poucos metros da plateia—foi inspirada por um caso real, que matou uma pessoa no Palais Garnier.

Aqui, devido às melhorias tecnológic­as e ao pé-direito do teatro, a queda será mais rápida que na Broadway e em Londres, segundo a produção, que não soube precisar a velocidade; em Nova York, o lustre cai em sete ou oito segundos.

As versões em português continuam as de 2005, assinadas por Claudio Botelho, mas com novas revisões dele e de Victor Muhlethale­r (de “Wicked” e “A Pequena Sereia”).

A dupla de protagonis­tas, antes interpreta­da por Saulo Vasconcelo­s e Kiara Sasso, atores consagrado­s do teatro musical, agora fica a cargo de dois nomes vindos da ópera: o tenor Thiago Arancam e a soprano Lina Mendes.

O Fantasma da Ópera

Teatro Renault, av. Brigadeiro Luís Antônio, 411. Qua. a sex., às 21h, sáb.: às 16h e 21h. dom., às 15h e 20h. Estreia em 2/8. Livre. Ingr.: R$ 75 a R$ 300

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