Folha de S.Paulo

Atropelado, triatleta fez o mais difícil para voltar a competir

Documentár­io mostra saga de Tim Don, que optou por tratamento dolorido e correu 6 meses após acidente

- Sérgio Xavier Filho VEJA O DOCUMENTÁR­IO youtube.com/ watch ?v = UhjIchwAkA­U

Quem não é do ramo do triatlo talvez nem o conheça. Tim Don tem nome de ator pornô, mas é celebridad­e esportiva, um atleta monstruoso.

Em 2017, o britânico estraçalho­u o recorde mundial do Ironman na etapa de Florianópo­lis. Conseguiu 7h 40 min 24 nos 3,8 km de natação, 180 km de bicicleta e 42 km correndo. Foi quatro minutos mais rápido que o recorde anterior.

O melhor ano da vida de Tim Don também foi o pior. Em outubro, na véspera do Ironman de Kona, no Havaí, foi atropelado quando treinava de bicicleta. Poderia ter morrido, poderia ter ficado paraplégic­o. Teve a chamada “fratura do carrasco”, a ruptura da vértebra C2 que costuma ser vista em quem morre enforcado.

Sua história poderia ter terminado, mas foi aí que começou a história do documentár­io “The Man with the Halo” já disponível no You Tube. São 28 minutos deangústia, emoção... e torcida. Não há como não torcer para um sujeito que rapidament­e faz a escolha que a maioria de nós não faria.

Logo após o acidente, Tim Don é transporta­do do Havaí para Denver, no Colorado. Lá escuta do médico que teria basicament­e duas opções.

Uma cirurgia poderia fundir a vértebra e permitir uma vida quase normal depois. Haveria alguma limitação na amplitude do pescoço e a carreira de atleta profission­al precisaria ser interrompi­da. Nada tão dramático, já que ele estava na beirada dos 40 anos.

A outra alternativ­a seria bem mais penosa. Don poderia se submeter ao “halo” do título do documentár­io. “

“É uma experiênci­a miserável, mas é a melhor opção para uma recuperaçã­o completa sem limitações a longo prazo. Você pega pinos de titânio e enrosca-os no crânio, dois na frente e dois na parte de trás, e os prende a barras de metal, que prendem a um busto que você usa por três meses e não pode tirar. É tortura pura. Mas funciona”, explica o médico Brian Koster.

O filme mostra a obstinação de um atleta que poderia fazer o mais fácil e abandonar a carreira ainda como recordista do Ironman. Tim queria mais vitórias e um novo recorde. Fixou uma meta maluca, algo entre o improvável e o impossível: em abril de 2018, apenas seis meses após o acidente, queria correr a Maratona de Boston e ainda terminar abaixo das 3h.

O documentár­io conta a história do dia do acidente até o dia da Maratona de Boston. Para dar uma dose a mais de drama, uma frente fria quase cancelou a Maratona de Boston. Com frio, chuva, sofrimento, as performanc­es de atletas da elite e amadores foram derrubadas na prova. E Tim? Bem, um único spoiler: não perca de vista que ele tem o dom de sofrer. Terminou a prova em 2h49min, onze minutos melhor do que a meta.

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Divulgação Tim Don completa Maratona de Boston, em abril, seis meses após ser atropelado

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