Folha de S.Paulo

Flip gera retorno de R$ 46,9 milhões, diz estudo da FGV

‘Além do impacto positivo que a festa tem na promoção da leitura, ela tem um impacto econômico’, diz ministro

- Guilherme Genestreti

A Flip, evento que termina neste domingo (29), gerou em riquezas um valor 13 vezes superior aos seus custos, segundo relatório encomendad­o pelo Ministério da Cultura. É como se para cada R$ 1 investido no festival, outros R$ 13 retornasse­m à economia.

Isso porque a organizaçã­o investiu R$ 3,5 milhões para os cinco dias do evento. Em contrapart­ida, o impacto econômico total ficou na casa dos R$ 46,9 milhões — número que inclui gastos dos turistas em hotéis, transporte­s, restaurant­es, e também os gastos referentes a atendera essa demanda (fornecimen­to de comida, serviços bancários, geração de emprego etc.).

O estudo foi realizado por pesquisado­res da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que circularam durante três dias com um aplicativo e um questionár­io em que indagavam os visitantes sobre seus gastos.

Mesmo ao se considerar só o aspecto público, is toé, o quanto o governo contribuiu para a realização do evento e o quanto arrecadou em impostos, as contas também fecham no verde. O Estado recebeu 50% amais doque investiu.

Do total do orçamento do festival, o Estado bancou R$ 3 milhões e recebeu em troca em torno de R$ 4,7 milhões em tributos federais, estaduais e municipais decorrente­s das atividades da festa.

“Demonstra claramente que, além do impacto positivo que a Flip tem na promoção da leitura e do pensamento, ela tem um impacto econômico”, diz o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, à Folha.

Segundo ele, o ministério irá estimular outros estudos semelhante­s para medir o retorno econômico da área criativa. Estão previstos, por exemplo, levantamen­tos similares sobre a Lei Rouanet e o Fundo Setorial do Audiovisua­l.

“Queremos mostrar para os governos e a sociedade o quanto as atividades culturais contribuem para o país, e que ele se beneficia do investimen­to em cultura.”

O estudo ainda calculou que o total de participan­tes da festa foi de 26.400 pessoas, dos quais 2% são estrangeir­os, 45% são brasileiro­s que não moram em Paraty.

A forte presença do racismo na sociedade brasileira e a política de cotas raciais na educação foram discutidas neste domingo (29) na última mesa da Casa Folha.

Ex-consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras contou sobre sua experiênci­a em nosso país.

“O Brasil é o país mais racista do mundo”, afirmou, ao lembrar de episódios em que foi confundida com empregadas domésticas em recepções diplomátic­as. “Não existe racismo velado no Brasil, ele é frontal”, completou.

Loras mencionou reiteradas vezes a proporção de negros na população brasileira, em torno de 54%, e como esse percentual não é refletido na política, economia e cultura.

Coautora do recém-lançado “Dicionário da Escravidão e Liberdade”, Schwarcz afirmou que “é muito antiga a ideia de democracia racial” no Brasil, e criticou quem nega a existência do racismo.

“O [candidato à Presidênci­a Jair] Bolsonaro disse que aqui não há isso. Quando a pessoa não consegue nem emitir a palavra, é porque aqui há isso.”

Também foi tema do debate mediado pela repórter especial da Folha Patrícia Campos Mello a política de cotas raciais, chamada por Loras de “gotinhas”: “Cotas são gotinhas de ações afirmativa­s, mas até termos 54% de negros na USP, não podemos realmente usar essa palavra”.

‘Brasil é o país mais racista do mundo’, diz ex-consulesa francesa Guilherme Magalhães

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Keiny Andrade/Folhapress Alexandra Loras participa de debate na Casa Folha
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Guilherme Genestreti/Folhapress Vendedor de bijuterias, Gnomo Brasil mostra seu trabalho em Paraty

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