Bolsonaro contorna cobertura como Trump e causa alarme
A entrevista de Jair Bolsonaro ao Roda Viva ecoou por agências de notícias, com Bloomberg e France Presse destacando que ele disse não existir dívida com negros pela escravidão. Via Twitter, correspondentes e analistas se alarmaram com a repetição do que aconteceu nos EUA.
“Os jornalistas não têm estratégica eficaz” para questioná-lo, escreveu Glenn Greenwald, do Intercept. “Assim como com Trump, riem de sua estupidez, sem perceber que a estigmatização é o que ele deseja”, acrescentou o especialista de política internacional Oliver Stuenkel. Reagindo aos que o tratavam por “burro” na internet, Brian Winter, da Americas Quarterly, avisou que “isso não funciona”.
Antes mesmo do desempenho na televisão, Bolsonaro surgiu em enunciados alarmados de jornais como o conservador francês Le Figaro, “Brasil nas garras da tentação autoritária”. A rede pública de rádio dos EUA, NPR, foi além e também ouviu Bolsonaro, destacando que ele falou que a ditadura militar foi período “muito bom”.
Mas na entrevista ele se concentrou mais em ataques à mídia brasileira, que não o trata como deveria —“embora estejamos, sem Lula, liderando as pesquisas”. Afirmou que “muita gente já sabe” que a cobertura distorce o que ele fala: “Os jovens no Brasil foram presas por muito tempo dos comunistas. A mídia social os libertou disso”.
‘terre en transe’ A RFI, rede de rádio estatal francesa, entrevistou Christine Douxami, da Escola de Estudos Avançados de Paris e uma das editoras de um número especial de revista acadêmica voltado a “Compreender a crise no Brasil”. Entre os ensaios publicados, enunciados como “A crise política brasileira: histórico e perspectivas de uma ‘terra em transe’” e “O Brasil à beira do abismo de novo?”.
desgaste Sob o título “Poderá o Brasil consertar a sua democracia?”, o Financial Times publicou longa resenha de “Brasil: Uma Biografia”, de Heloisa Starling e Lilia Schwarcz, que acaba de ser lançado no Reino Unido. Concentrando-se no suicídio de Getúlio Vargas, afirma que “a democracia brasileira está se desgastando de maneiras que ecoam muitos dos padrões descritos” no livro.