Folha de S.Paulo

Vacina contra sarampo e pólio deve ser repetida em crianças

Ação do ministério mira 11,2 milhões, incluindo quem já havia sido imunizado

- Natália Cancian

Em meio à queda nos índices de cobertura vacinal, o Ministério da Saúde inicia na próxima segunda (6) uma campanha de vacinação contra sarampo e poliomieli­te.

Ao todo, 11,2 milhões de crianças entre um ano e menores de cinco anos devem ser vacinadas contra as duas doenças, independen­temente da situação vacinal. Com isso, até aquelas que já receberam as doses no passado devem ser vacinadas novamente.

A medida visa evitar uma reintroduç­ão da pólio no país e novo avanço do sarampo, doença que já leva a surtos em Roraima e Amazonas. O objetivo também é reforçar a proteção e facilitar a aplicação das doses, diz a coordenado­ra do Programa Nacional de Imunizaçõe­s, Carla Domingues.

“Precisamos garantir o que chamamos de imunidade de grupo e termos 95% das crianças vacinadas. Dessa forma criamos uma barreira sanitária e evitamos que os vírus do sarampo e pólio voltem a circular. A vacinação desse grupo também protege as crianças que ainda não podem receber a vacina porque ainda não têm idade”, diz.

Conforme adiantado pela Folha em junho, o país registrou em 2017 os índices mais baixos de vacinação de crianças em mais de 16 anos.

Diante da queda nas coberturas, o ministério decidiu mudar o foco das campanhas. Até então, havia apenas anuais, de atualizaçã­o da caderneta vacinal. Agora, a pasta retoma a estratégia de campanhas focadas em algumas doenças, com vacinação indiscrimi­nada, semelhante ao que era feito até 2014.

A ideia é vacinar até 95% do público-alvo até 31 de agosto, data do fim da campanha.

O esquema muda conforme cada caso. Crianças que nunca tiverem recebido doses contra a pólio devem receber a VIP (vacina injetável). Já aquelas que já tomaram uma ou mais doses receberão a VOP (vacina oral), a “gotinha”.

Para o sarampo, todas as crianças devem receber uma dose da vacina tríplice viral, que protege contra a doença e contra caxumba e rubéola. A exceção são aquelas que já foram vacinadas contra a doença nos últimos 30 dias —estas, porém, ainda devem tomar a vacina contra a pólio.

“Queremos fazer com que a criança possa receber uma dose de reforço. Se ela tiver uma falha vacinal [quando há menor proteção do que a esperada], por exemplo, isso pode ser corrigido com a dose extra”, diz Domingues. “Não há risco de a criança ficar sobrecarre­gada”, afirma.

Em 2016, o país recebeu um certificad­o de eliminação do sarampo. Atualmente, porém, o Brasil já tem 822 casos da doença, com cinco mortes. A pólio não é registrada no país desde 1989, mas a baixa vacinação levou ao alerta.

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