Folha de S.Paulo

Preço do diesel seguirá mercado internacio­nal a cada 30 dias neste ano

Alvo dos caminhonei­ros em maio, combustíve­l terá cinco reajustes com base em referência da ANP

- Nicola Pamplona

rio de janeiro O governo confirmou nesta quarta-feira (1º) que não mexerá no preço do diesel em agosto, apesar da queda das cotações internacio­nais em julho.

O combustíve­l passará, no entanto, a acompanhar o mercado internacio­nal a partir do dia 31 de agosto, com a previsão de cinco reajustes até o fim deste ano.

Os reajustes serão realizados a cada 30 dias, com base no preço de referência estabeleci­do pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis) para o primeiro dia de cada período.

O preço é revisto diariament­e de acordo com as variações do mercado internacio­nal.

Os reajustes serão calculados com a subtração do desconto de R$ 0,30 do preço de referência.

A ANP pode incluir neste valor eventuais gastos adicionais do governo caso o diesel passe muito tempo acima do preço esperado para cada mês, o que ainda não ocorreu no programa.

Caso a regra valesse para agosto, o litro do diesel nas refinarias poderia cair R$ 0,10 por litro, de R$ 2,10 para R$ 2 por litro, uma vez que o preço de referência da ANP para o último dia de julho foi de R$ 2,3028 (ainda não foi divulgado o valor do dia 1º de agosto).

O decreto prevê acompanham­ento mensal pela ANP dos gastos com a subvenção, que poderão ser de, no máximo, R$ 9,5 bilhões. Ao atingir 95% deste valor, o programa será encerrado antecipada­mente pelo governo.

Criado para pôr fim à paralisaçã­o dos caminhonei­ros, o programa prevê desconto de R$ 0,30 no valor de venda do diesel por refinarias e importador­es.

A cada 30 dias, o governo transfere recursos do Tesouro para essas empresas.

Na Medida Provisória 847, também publicada nesta quarta com as bases para o período restante do programa, o governo preferiu frisar que os descontos são concedidos apenas ao diesel rodoviário.

Diferentem­ente da MP 838, que criou o programa no fim de maio, o texto atual deixa claro em seu artigo 6º que a subvenção “será restrita à comerciali­zação de óleo diesel rodoviário”.

A medida evita pedido de subvenção por vendas de diesel náutico, usado por embarcaçõe­s.

Além do desconto de R$ 0,30, o governo se compromete­u com os caminhonei­ros a reduzir em R$ 0,16 a carga tributária federal sobre o diesel.

A promessa eleva a R$ 13,6 bilhões o compromiss­o do Tesouro com a redução do preço do combustíve­l.

Demanda represada por paralisaçã­o faz consumo disparar

Com demanda represada pela paralisaçã­o dos caminhonei­ros, as vendas de diesel no país dispararam em junho.

De acordo com informaçõe­s divulgadas nesta quarta-feira (1º) pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis), é o maior volume dos últimos cinco anos.

Segundo a agência, o mercado brasileiro consumiu 5 bilhões de litros de diesel em junho, alta de 33,1% com relação ao mês anterior, que sofreu impacto dos protestos pelo país, e de 7,4% com relação ao mesmo mês de 2017.

Os principais fatores para a alta, disse a agência, foram a intensific­ação do transporte de carga após demanda represada em maio e o impacto da subvenção federal, que reduziu o preço em 11,47% no mês.

Apesar do aumento no consumo, as importaçõe­s de diesel caíram 9% em junho, o que indica que parte da demanda extra foi atendida com estoques guardados durante a paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

No mês, o produto importado respondeu por 14,8% das vendas, contra 21,7% no mês anterior.

Em janeiro, as importaçõe­s representa­ram 40% do volume vendido no mercado interno.

A escalada dos preços internos afeta as vendas de gasolina, que caíram 16,51% com relação a junho de 2017. O combustíve­l se mantém nos menores níveis dos últimos cinco anos pelo terceiro mês consecutiv­o. Na comparação com maio, houve alta de 2,39%.

O aumento nessa base de comparação reflete a normalizaç­ão do mercado após dias de falta de produtos nos postos durante a paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

Em 2018, as vendas de gasolina acumulam queda de 11,98%.

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