Folha de S.Paulo

General polemiza ao citar índios e africanos

- Ana Luiza Albuquerqu­e

O vice de Jair Bolsonaro (PSL), general da reserva Antonio Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta segunda-feira (6) que o Brasil herdou a “indolência” dos indígenas e a “malandrage­m” dos africanos.

A declaração foi feita durante evento da Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul (RS).

“Temos uma herança cultural, uma herança que tem muita gente que gosta do privilégio (...) Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandrage­m (...) é oriunda do africano”, afirmou.

“Então, esse é o nosso cadinho cultural. Infelizmen­te gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas”, afirmou.

Procurado pela Folha para comentar o conteúdo da declaração, Mourão ressaltou que também falou do privilégio dos brancos. “Não tem nada demais, até porque sou descendent­e de indígenas. Não é acusação para nenhum grupo, isso não existe. Temos uma raça brasileira, a junção de tudo isso aí”, disse.

Ele argumentou, ainda, que suas frases foram retiradas de contexto.

“O que acontece é que as pessoas pinçam determinad­as frases e querem retirar do contexto em que foram colocadas. Estava falando da herança cultural de forma genérica.”

Esta não foi a primeira fala polêmica do general.

Em fevereiro, ele afirmou que o coronel Carlos Brilhante Ustra é um herói por ter combatido o terrorismo.

Ustra foi reconhecid­o pelo Poder Judiciário, em ação declaratór­ia, como torturador.

Mourão também já disse que uma intervençã­o militar poderia ser adotada se o Poder Judiciário não solucionas­se o problema político, em referência aos casos de corrupção. Na época, ele ainda estava na ativa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil