Exportação cai e limita produção de veículos
são paulo A paralisação dos caminhoneiros, que deixou rastro de queda na produção e venda de veículos em maio e junho, já ficou para trás.
Agora, o setor automotivo sofre os reflexos na redução das exportações de carros brasileiros.
Em julho, as montadoras registraram queda de 4,1% na produção de veículos, comerciais leves, caminhões e ônibus na comparação com junho, segundo levantamento da Anfavea (associação das montadoras).
“A diminuição na produção ocorreu para atender à adequação ao mercado de exportação, já que a Argentina, principal comprador de veículos brasileiro, e México, também importante parceiro comercial, passam por dificuldades”, explica o presidente da Anfavea, Antonio Megale.
Reportagem da Folha ,de7 de julho, já mostrava que a crise argentina afetava as montadoras e a projeção de crescimento do Brasil.
A venda ao exterior foi importante aliada das fabricantes para driblar a crise que o setor enfrentou em 2017, com diminuição nas comercializações no mercado interno.
Apesar da redução das exportações, o setor começa a dar sinais de recuperação.
No acumulado do ano, conforme dados da Anfavea, a produção de veículos acumula expansão de 13%, com 1,6 milhão de unidades fabricadas nos sete meses de 2018.
Na comparação com julho do ano passado, o avanço é de 9,3%. Só em julho, o volume fabricado atingiu a marca de 245 mil unidades.
“A produção de veículos apresentou queda no mês de julho na comparação com junho, mas no ano acumulamos alta e tivemos o melhor mês de julho desde 2014”, diz Megale.
As exportações, incluindo máquinas agrícolas, apresentaram queda de 20,9% em julho na comparação com junho e no ano acumulam diminuição de 2,8%.
Vale destacar que no início do ano a previsão da Anfavea era vender cerca de 800 mil unidades ao exterior no ano, mas por causa da volatilidade do mercado esse número foi revisado no mês passado para 766 mil veículos.
Até julho, foram vendida 430 mil unidades a outros países.
As comercializações no mercado interno, por sua vez, tiveram alta de 7,7% sobre junho e 17,7% na comparação anual, com 217 mil unidades licenciadas em julho e 1,3 milhão de veículos no ano.
“Tivemos o melhor mês de julho desde 2015 e estamos voltando a quase 10 mil unidades emplacadas diariamente, que eram os dados que tínhamos antes da greve dos caminhoneiros em maio”, afirma Megale.
Do lado dos caminhões, o cenário se mostra mais positivo para o setor.
A produção de caminhões subiu 1,7% em julho na comparação com junho e no ano a alta é de 35,4%.
Já as vendas de caminhões aumentaram 15,6% na comparação mensal e 48,6% no recorte anual.
Megale, porém, destaca que a base de comparação baixa do ano passado contribuiu para o aumento expressivo.
“Estamos ouvindo um movimento que fala em aumento de frota por causa do tabelamento do frete, mas considero que ainda é cedo para falar em alta nas vendas. Está prevista uma decisão do STF [Supremo Tribunal Federal] para o fim do mês e até lá não é possível falar sobre o impacto para o setor”, diz Megale.
Para tentar driblar o aumento no custo do frete, representantes do agronegócio avaliam a possibilidade de aderir à frota própria para o transporte de suas mercadorias, como noticiou a Folha no sábado (4).
“Esperamos que haja aumento das vendas, mas pelo desenvolvimento do país, e não como ajuste de frota”, diz Megale.
Para ele, o atual crescimento na venda de caminhões é reflexo do bom momento que vive o setor do agronegócio.
Os empregos no setor também dão sinais de recuperação, com a abertura de 546 postos de trabalho em julho —alta de 4,1%. O setor emprega 132.021 pessoas.