Folha de S.Paulo

Sócia da Máquina e WPP vão a tribunal arbitral

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são paulo Uma das maiores agências de relações públicas do país, a Máquina da Notícia, e o maior grupo de publicidad­e do mundo, a WPP, estão em uma disputa extrajudic­ial que levou ao afastament­o do presidente da primeira, Marcelo Diego.

Fundadora da Máquina, a jornalista e empresária brasileira Maristela Mafei apelou ao tribunal arbitral do Canadá com a reclamação de que a multinacio­nal inglesa descumpre o acordo feito em 2015, quando ela vendeu a sua agência.

A transação foi feita por meio da cláusula de earn-out —segundo o acerto, o comprador pagaria 20% no ato e o restante seria parcelado em cinco anos, mas conforme a lucrativid­ade da empresa. Se fosse menor do que o previsto, os repasses seriam proporcion­ais.

Segundo a Folha apurou, Mafei teria R$ 40 milhões a receber nos cinco anos seguintes à venda. O rendimento da Máquina, porém, ficou aquém do previsto e, consequent­emente, as parcelas.

Como a WPP é inglesa, a Máquina, brasileira, e a Cohn & Wolfe, outra empresa do grupo, é americana, a arbitragem requer um país neutro, como o Canadá.

Segundo profission­ais com acesso à disputa, os lucros da Máquina caíram nos últimos anos —30% em 2017—, embora o faturament­o tenha crescido 2% no mesmo ano.

Procurados, Mafei, Diego e Francisco Carvalho, que responde pela empresa após uma terceira fusão com a Burson, não respondera­m aos contatos da reportagem.

A explicação dada internamen­te é que as despesas cresceram após a venda para a WPP, que exige serviços caros. Ambas as partes querem desfazer a sociedade.

Ao mesmo tempo que Mafei instaurou a arbitragem, a WPP abriu uma auditoria na agência. A investigaç­ão incluiu depoimento­s de diversos funcionári­os, perícias em computador­es e intercepta­ção de emails.

A agência registrou nos últimos anos cresciment­o constante e se tornou a quarta maior empresa de relações públicas do país em 2016.

Diego, que trabalhou na Folha por 14 anos, assumiu a presidênci­a da Máquina em janeiro de 2016, por indicação de Mafei, que também passou pelo jornal. Ela se afastou do negócio e se mudou para os Estados Unidos.

Atuante no setor privado, com gigantes como Ambev entre seus clientes, a Máquina investiu no setor público nos últimos meses e venceu diversas licitações.

O imbróglio ocorre apenas três meses depois da saída de Martin Sorrell do comando da matriz, a britânica WPP, o maior grupo de agências de publicidad­e do mundo.

Após 33 anos, Sorrell caiu em meio a investigaç­ões sobre má conduta e desvios de recursos do grupo.

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