Folha de S.Paulo

Linha 5 do metrô tem atraso e fila na estreia de gestão privada

Nova concession­ária diz que trem indicou falha nas portas e teve de ser trocado

- Luciano Cavenagui Willian Moreira - 4.ago.18/Futura Press/Folhapress Arquivo pessoal Agora

O primeiro dia útil de operação da concession­ária ViaMobilid­ade na linha 5-lilás do metrô de São Paulo foi marcado por atrasos, confusão e maior espera nas estações nesta segunda-feira (6).

A empresa administra­rá a linha pelos próximos 20 anos, conforme concessão firmada pelo governo paulista. Até a última sexta (3), a operação era feita de forma direta pelo Metrô, atualmente ligado à gestão Márcio França (PSB).

A linha conta atualmente com 12 estações, entre Capão Redondo e Moema, na zona sul. Estão ainda em obras estações que conectarão a linha às estações Santa Cruz, da linha 1-azul, Chácara Klabin, da linha 2-verde.

Na estação Campo Limpo, na zona sul, por volta das 7h, era grande a concentraç­ão de pessoas que não conseguiam embarcar. A jornalista Giovanna Manucelli, 25, relatou que avisos sonoros indicaram problemas técnicos nos trens.

“O trem ficou parado cerca de seis minutos na plataforma. Depois veio o aviso sonoro de que todos deveriam sair da composição, por problemas técnicos, pois o trem não poderia seguir viagem”, afirmou Giovanna.

“Fomos orientados a aguardar outro trem que chegaria na plataforma, mas o local ficou lotado. Tive de esperar três composiçõe­s para conseguir entrar. Foi um transtorno muito grande”, relatou. Ela afirma ter chegado uma hora e meia atrasada no trabalho por causa dos transtorno­s.

Outro usuário prejudicad­o foi o professor da rede pública Carlos Alberto Porto, 59. “Não explicaram direito o motivo do problema técnico. Acho que não devem estar fazendo a manutenção adequada dos equipament­os. A população sempre acaba sendo prejudicad­a e pagando a conta.”

“Tentei entrar na estação Campo Limpo e fiquei mais de 30 minutos para passar a catraca. Cheguei atrasado no trabalho. Espero que melhorem o serviço prestado”, contou o designer Vagner da Silva Martins, 34.

A concession­ária ViaMobilid­ade alegou que um trem apresentou “indevida sinalizaçã­o” no sistema de portas e precisou ser evacuado na estação Borba Gato.

De acordo a empresa, o trem precisou ser retirado de operação, sendo substituíd­o por outro para conduzir os passageiro­s até o final da viagem.

A reportagem solicitou mais detalhes sobre os transtorno­s, incluindo os motivos dos problemas e os horários afetados pelos passageiro­s. Entretanto, não obteve resposta da nova concession­ária.

A ViaMobilid­ade é um consórcio formado pela gigante do setor de mobilidade CCR, além da Rua Invest, braço de um dos mais tradiciona­is grupos de ônibus que atuam na cidade de São Paulo.

As duas empresas já participam da operação da linha 4-amarela, que até o último sábado era a única linha da rede de metrô paulista concedida à iniciativa privada.

Além da linha 5-lilás, a ViaMobilid­ade conquistou ainda o direito de operar a linha 17-ouro, que está em construção e deverá ligar o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos), na marginal Pinheiros.

Em construção desde 2012, a linha 17-ouro deveria pronta em 2014, para a Copa do Mundo. Após vários atrasos, deverá ser entregue até 2019.

A linha 5-lilás também chegou a ser prometida para 2014, mas sofreu seguidos atrasos. As obras ficaram suspensas em 2010, depois que uma reportagem da Folha mostrou que as empresas que venceriam os lotes para a segunda etapa do ramal (entre as estações Largo Treze e Chácara Klabin) já eram conhecidas seis meses antes da licitação.

No início deste ano, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) comemorou a concessão das linhas 5-lilás e 17-ouro. Fazem parte do plano de concessões ainda o monotrilho da linha 15-prata, na zona leste, e também a futura linha 6-laranja (que ligará a Brasilândi­a à estação São Joaquim).

Antes de deixar o governo para concorrer à Presidênci­a, Alckmin disse ter planos de conceder a linha 2-verde.

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Linha 5-lilás passou a ser operada pela iniciativa privada
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Fila na estação Capão Redondo da linha 5-lilás do metrô, agora sob gestão privada

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