Em posse, novo presidente promete construir consensos na Colômbia
Iván Duque busca ainda correção em acordos com guerrilhas prol de ‘reparação efetiva’ e endurecimento de leis
Sob uma leve garoa, vento forte e um céu totalmente cinza, cerca de 3.000 convidados assistiram à posse do novo presidente da Colômbia, Iván Duque, nesta terça-feira (7), em Bogotá.
Seguindo a tradição, o novo mandatário chegou à praça Bolívar depois de descer por uma das ruas do bairro central e histórico da Candelária, no centro da capital, acompanhado da mulher, María Juliana, e seus três filhos, Luciana, Eloísa e Matías.
O mais jovem mandatário dos últimos 73 anos de história colombiana, Iván Duque, 42, do partido de direita Centro Democrático, recebeu a faixa presidencial às 15h30 (17h30 de Brasília), após a execução do hino nacional, cantado por um coro composto por cantoras de todo o país.
Em seu discurso, Duque disse que sua chegada ao poder era o de “uma nova geração dedicada a promover a construção de consensos, a Justiça, a liberdade e o fim da impunidade”.
Afirmou que “governará superando divisões entre direita e esquerda e com o espírito de construir e nunca destruir”.
Fez um elogio às Forças Armadas, agradecendo “seu esforço na luta contra o crime organizado”, mas admitiu que a Colômbia tem hoje “problemas que envelheceram mal”, como o narcotráfico, o abandono de muitas regiões, a desigualdade e a corrupção.
Com relação a seu antecessor, fez um agradecimento, e disse que “manterá o que vem sendo feito bem” e ressaltou a diminuição da pobreza.
Sobre a paz, porém, disse que tentará fazer corre- ções para que as vítimas “recebam a reparação efetiva” e que tenham também “reparação moral por meio da punição daqueles que cometeram crimes de lesa humanidade”.
Pediu que os juízes do tribunal especial deixem de considerar crimes como o narcotráfico e a extorsão como anis- tiáveis. Mas estendeu uma mão aos baixos escalões das ex-Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
“Eu sei que muitos foram recrutados ainda crianças. Estou comprometido em buscar para as bases guerrilheiras uma solução e sua reintegração à sociedade”, disse.
Insistiu, porém, que não haverá impunidade para os que cometeram crimes graves.
O discurso de linha dura continuou ao afirmar que crimes contra menores seriam condenados com prisões perpétuas —abolida na Colômbia desde 1936. Disse ainda que combaterá a corrupção e diminuirá o número de impostos, pedindo “um grande pacto pela Colômbia”.
E concluiu: “Quero ser o presidente que alcance acordos que tragam soluções aos problemas do país e não apenas aqueles que se façam apenas por conta da tentação dos aplausos transitórios”, dando uma alfinetada em Santos.
Como em quase todos os discursos na Colômbia, Duque evocou o “realismo mágico” como um de seus tesouros do país e elogiou a exemplo da resiliência do povo colombiano que construiu um país em meio “a cordilheiras e a tantas dificuldades”.
Por fim, agradeceu novamente ao ex-presidente Álvaro Uribe, 66, seu padrinho político, que estava em uma das primeiras filas, e que foi aplaudido de pé.
Compareceram à cerimônia 10 chefes de Estado, entre eles Enrique Peña Nieto (México), Lenín Moreno (Equador), Mauricio Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile) e Evo Morales (Bolívia), e representantes de 17 países.
O Brasil foi representado pelo chanceler Aloysio Nunes. Os EUA, pela embaixadora junto à ONU, Nikki Haley.
À Folha Aloysio disse que as relações entre o Brasil e a Colômbia vêm se intensificando e é “interesse de ambos a aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico”.
Ele se encontrou com a vice-presidente, Marta Lucía Ramírez, em que conversaram sobre comércio e Venezuela.