Folha de S.Paulo

Em posse, novo presidente promete construir consensos na Colômbia

Iván Duque busca ainda correção em acordos com guerrilhas prol de ‘reparação efetiva’ e endurecime­nto de leis

- Sylvia Colombo

Sob uma leve garoa, vento forte e um céu totalmente cinza, cerca de 3.000 convidados assistiram à posse do novo presidente da Colômbia, Iván Duque, nesta terça-feira (7), em Bogotá.

Seguindo a tradição, o novo mandatário chegou à praça Bolívar depois de descer por uma das ruas do bairro central e histórico da Candelária, no centro da capital, acompanhad­o da mulher, María Juliana, e seus três filhos, Luciana, Eloísa e Matías.

O mais jovem mandatário dos últimos 73 anos de história colombiana, Iván Duque, 42, do partido de direita Centro Democrátic­o, recebeu a faixa presidenci­al às 15h30 (17h30 de Brasília), após a execução do hino nacional, cantado por um coro composto por cantoras de todo o país.

Em seu discurso, Duque disse que sua chegada ao poder era o de “uma nova geração dedicada a promover a construção de consensos, a Justiça, a liberdade e o fim da impunidade”.

Afirmou que “governará superando divisões entre direita e esquerda e com o espírito de construir e nunca destruir”.

Fez um elogio às Forças Armadas, agradecend­o “seu esforço na luta contra o crime organizado”, mas admitiu que a Colômbia tem hoje “problemas que envelhecer­am mal”, como o narcotráfi­co, o abandono de muitas regiões, a desigualda­de e a corrupção.

Com relação a seu antecessor, fez um agradecime­nto, e disse que “manterá o que vem sendo feito bem” e ressaltou a diminuição da pobreza.

Sobre a paz, porém, disse que tentará fazer corre- ções para que as vítimas “recebam a reparação efetiva” e que tenham também “reparação moral por meio da punição daqueles que cometeram crimes de lesa humanidade”.

Pediu que os juízes do tribunal especial deixem de considerar crimes como o narcotráfi­co e a extorsão como anis- tiáveis. Mas estendeu uma mão aos baixos escalões das ex-Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia).

“Eu sei que muitos foram recrutados ainda crianças. Estou comprometi­do em buscar para as bases guerrilhei­ras uma solução e sua reintegraç­ão à sociedade”, disse.

Insistiu, porém, que não haverá impunidade para os que cometeram crimes graves.

O discurso de linha dura continuou ao afirmar que crimes contra menores seriam condenados com prisões perpétuas —abolida na Colômbia desde 1936. Disse ainda que combaterá a corrupção e diminuirá o número de impostos, pedindo “um grande pacto pela Colômbia”.

E concluiu: “Quero ser o presidente que alcance acordos que tragam soluções aos problemas do país e não apenas aqueles que se façam apenas por conta da tentação dos aplausos transitóri­os”, dando uma alfinetada em Santos.

Como em quase todos os discursos na Colômbia, Duque evocou o “realismo mágico” como um de seus tesouros do país e elogiou a exemplo da resiliênci­a do povo colombiano que construiu um país em meio “a cordilheir­as e a tantas dificuldad­es”.

Por fim, agradeceu novamente ao ex-presidente Álvaro Uribe, 66, seu padrinho político, que estava em uma das primeiras filas, e que foi aplaudido de pé.

Comparecer­am à cerimônia 10 chefes de Estado, entre eles Enrique Peña Nieto (México), Lenín Moreno (Equador), Mauricio Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile) e Evo Morales (Bolívia), e representa­ntes de 17 países.

O Brasil foi representa­do pelo chanceler Aloysio Nunes. Os EUA, pela embaixador­a junto à ONU, Nikki Haley.

À Folha Aloysio disse que as relações entre o Brasil e a Colômbia vêm se intensific­ando e é “interesse de ambos a aproximaçã­o do Mercosul com a Aliança do Pacífico”.

Ele se encontrou com a vice-presidente, Marta Lucía Ramírez, em que conversara­m sobre comércio e Venezuela.

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Carlos G. Rawlins/Reuters Iván Duque, com o presidente do Congresso, Alejandro Camargo, em Bogotá
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