Folha de S.Paulo

Com seca, incêndios em rodovias crescem 32%

- Marcelo Toledo

A cena é recorrente nos últimos meses. Basta o motorista entrar numa rodovia para, invariavel­mente, enxergar no horizonte um incêndio no campo em algum ponto. Além do dano ambiental, as queimadas elevam o risco de acidentes.

Dados relativos a oito concession­árias de rodovias mostram que, de janeiro a julho, foram registrado­s 3.046 focos de incêndio próximos a rodovias, ante os 2.301 do mesmo período do ano passado, ou 32% a mais. Só em julho foram 1.002 incêndios.

A principal concentraç­ão de queimadas ocorre no trecho concedido à Autoban (que inclui o sistema Anhanguera-Bandeirant­es), que em sete meses registrou 1.447 focos de incêndio —média de 6,8 por dia. No ano passado, foram 896, o que representa aumento de 61,5% neste ano.

O maior cresciment­o, porém, foi verificado no trecho oeste do Rodoanel, que teve 165 focos de incêndio, ante 93 de 2016 —77% mais.

A estiagem é apontada como principal motivo para a proliferaç­ão dos incêndios, especialme­nte de abril a setembro. Um cigarro atirado pela janela do carro é o suficiente para propagar o fogo, mas há outros causadores, como queima de lixo doméstico, queimadas agrícolas ilegais, limpeza de terrenos baldios com uso de fogo e balões.

Dados da Artesp (agência de transporte) mostram que entre 2016 e 2017 foram registrado­s 13.060 casos de queimadas em 8.300 km de rodovias paulistas concedidas. Neste ano, até maio, já foram 1.994 notificaçõ­es, antes mesmo do auge do período crítico, que ocorre de julho a setembro.

A situação se agravou neste ano porque, nos últimos quatro meses, as chuvas ficaram aquém do normal em quase todo o centro-sul do país.

Por causa da seca, concession­árias e Artesp têm campanha de alerta sobre os riscos provocados pelo fogo, que inclui participaç­ão do Corpo de Bombeiros e de usinas que possuem caminhões-pipa.

Mas acidentes têm sido registrado­s com frequência. Na terça (31), uma mulher morreu após batida com quatro veículos em Patos de Minas (MG) em meio a fumaça provocada por uma queimada.

Antes, em 18 de julho, nove caminhões se envolveram num acidente com uma morte e quatro feridos na BR-376, em Ponta Grossa, também supostamen­te devido à falta de visibilida­de na rodovia devido a um incêndio em mata.

A Artesp informou que boa parte dos focos é provocada por moradores vizinhos às estradas. A recomendaç­ão é que os motoristas, ao avistarem um incêndio reduzam a velocidade, mantenham os vidros fechados, trafeguem em distância segura do veículo à frente, não parem na pista e não acionem pisca alerta com o carro em movimento.

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