Folha de S.Paulo

Supremo aprova aumento salarial para magistrado­s

Se passar no Congresso, custo será de R$ 717 milhões por ano só na Justiça federal

- Reynaldo Turollo Jr.

O Supremo Tribunal Federal aprovou proposta que prevê reajuste salarial de 16,4% para os magistrado­s em 2019. O placar foi de 7 a 4.

O impacto, só no Judiciário federal (nas três instâncias), deve ser de R$ 717,2 milhões por ano. O Congresso ainda precisa aprovar o aumento.

Os ministros Ricardo Lewandowsk­i, Dias Toffoli,

Marco Aurélio, Luís Barroso, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Alexandre de Moraes votaram a favor do reajuste, pleiteado pela magistratu­ra desde 2015. Cármen Lúcia, Celso de Mello, Rosa Weber e Edson Fachin foram contra.

O salário de um ministro do STF, hoje R$ 33,7 mil, é o teto do funcionali­smo público. Pode ir para R$ 39,3 mil.

O reajuste terá efeito cascata nos salários de juízes e de membros do Ministério Público. Também beneficiar­á parlamenta­res e integrante­s dos tribunais de contas.

Segundo Toffoli, que assume a presidênci­a do STF em setembro, os gastos da corte não subirão. “Está-se tirando das despesas correntes, dos nossos custeios.”

brasília O STF aprovou, nesta quarta-feira (8), uma proposta orçamentár­ia para 2019 que prevê reajuste salarial de 16,38%. O placar foi de 7 votos favoráveis e 4 contrários.

A proposta deve ser enviada ao Congresso ainda neste mês. O reajuste só passará a valer se o Legislativ­o o aprovar. O índice era pleiteado pela magistratu­ra desde 2015.

O salário de um ministro do Supremo é o teto do funcionali­smo público, hoje em R$ 33,7 mil. Com o índice poderá ir para R$ 39,3 mil.

Se for confirmado, o reajuste terá impacto sobre os salários de juízes e membros do Ministério Público de todo o país e também de parlamenta­res, membros de tribunais de contas, entre outros.

O impacto inicial previsto só no Judiciário federal (nas três instâncias) é de R$ 717,2 milhões por ano, isso sem contar a Justiça dos estados, o Ministério Público Federal, os ministério­s públicos estaduais e os tribunais de contas.

Para membros da magistratu­ra, um eventual reajuste será automático. Para os demais, costuma depender da aprovação de leis no Congresso ou nas Assembleia­s dos estados.

Os ministros Ricardo Lewandowsk­i, Marco Aurélio, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux e Alexandre de Moraes votaram a favor da inclusão do reajuste na proposta orçamen- tária do próximo ano.

Já os ministros Cármen Lúcia, Celso de Mello, Rosa Weber e Edson Fachin foram contrários.

Sob o comando da presidente, Cármen Lúcia, a equipe técnica do STF deixou o reajuste fora da proposta orçamentár­ia, como também fez no ano passado. O ministro Marco Aurélio foi o primeiro a ponderar que os subsídios dos magistrado­s estão sendo achatados —o último reajuste foi em janeiro de 2015, e desde então a inflação medida pelo IPCA foi de 24,66%.

A proposta de incluir o percentual veio de Lewandowsk­i. “Entendo ser da boa técnica orçamentár­ia incluir no orçamento aqueles projetos que estão tramitando no Congresso”, disse, referindo-se a projeto enviado ao Legislativ­o em 2015, quando ele presidia o Supremo.

Esse projeto, o PLC 27/2016, já foi aprovado na Câmara, mas está parado no Senado. “Quem vai decidir soberaname­nte é o Congresso Nacional, e ainda passará pelo crivo do presidente da República, que poderá vetá-lo ou não”, disse Lewandowsk­i. Segundo ele, magistrado­s aposentado­s e pensionist­as, que perdem cerca de 40% de seu rendimento, vivem hoje em situação de penúria.

“Eu não gostaria de impedir o Congresso de deliberar sobre uma proposta que já foi aprovada no Supremo e na Câmara. [Voto] para que se abra a possibilid­ade, porque, se não estiver na proposta, eles [Congresso] não podem sequer deliberar”, justificou o ministro Barroso, após dizer que é contra os “pendurical­hos” que juízes recebem.

O ministro Toffoli, que tomará posse como presidente do STF em setembro para um mandato de dois anos, afirmou que as despesas do tribunal não vão aumentar. O valor do reajuste para os ministros deverá sair de remanejame­ntos internos, tirando, por exemplo, verba da TV Justiça.

“Não se está encaminhan­do para o Congresso um acréscimo ao orçamento do Supremo. Está se encaminhan­do uma previsão para uma recomposiç­ão remunerató­ria parcial de 2009 a 2014. Não se está tirando de saúde, de educação. Está-se tirando das nossas despesas correntes, dos nossos custeios”, disse Toffoli.

O orçamento previsto para o STF em 2019 é de pouco mais de R$ 741 milhões.

Gilmar, que votou pela previsão de reajuste, defendeu que a corte reveja os vários auxílios recebidos pelos juízes, como o auxílio-moradia de R$ 4.377. Os auxílios, como o moradia, estão judicializ­ados e ainda sob análise do STF.

Ele falou do constrangi­mento do Supremo de ter que deliberar sobre o próprio salário. “Veja o tamanho do ônus político que recai sobre nós, porque vamos estar decidindo sobre o aumento em cascata”, afirmou.

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Eduardo Anizelli/Folhapress Sagui em trilha no Parque Ecológico do Rio Cocó, no Ceará

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