Folha de S.Paulo

Inflação desacelera após maior alta em 23 anos

- Flavia Lima

Aumento foi de apenas 0,33% em relação a junho, segundo o IBGE. Combustíve­is e energia elétrica estão entre os itens que mais pesam no custo de vida do consumidor.

A inflação se mantém baixa e está longe de ser uma preocupaçã­o, mas itens como energia elétrica e combustíve­is seguem pesando no orçamento do consumidor, fazendo com que perdure a sensação de que a baixa inflação oficial não se reflete nos gastos do dia a dia.

Após a maior alta dos últimos 23 anos influencia­da pelos efeitos da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) desacelero­u em julho.

A alta foi de apenas 0,33% em relação a junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

Em 12 meses, os preços sobem 4,5%, bem acima da média em 12 meses registrada até maio, abaixo de 3%.

O consenso dos economista­s, no entanto, é que a inflação deve perder força nos próximos meses e encerrar o ano mais próximo de 4,1%, em meio a um cenário de lenta recuperaçã­o do mercado de trabalho e grande ociosidade da produção, como aponta a MCM Consultore­s.

A despeito da trajetória mais contida da inflação cheia, os grupos de preços se comportam de modo diferente.

Enquanto os chamados preços livres (alimentos e vestuário, por exemplo) subiram 0,13% em julho, os administra­dos —aqueles estabeleci­dos por contrato ou por órgão público— avançaram 0,89%.

Em 12 meses, o descompass­o é ainda maior: os livres sobem 2,2%, e os administra­dos, 11,4%. Os pesos dados a cada grupo explicam o resultado final.

Como ficou claro nos protestos de maio, a maior contribuiç­ão para a alta dos administra­dos veio dos combustíve­is. Em 12 meses, a gasolina subiu 28,4%, respondend­o por mais de 40% da alta dos administra­dos. Também entre os itens que mais subiram, a energia elétrica avançou 18% no período.

Na outra ponta, o grupo alimentaçã­o caiu 0,12% em julho e, em 12 meses, tem leve alta de 1,4%. Vilões de outrora, como o tomate, caem mais de 23% no período.

Para Flávio Serrano, do Banco Haitong, a queda dos alimentos é importante porque o grupo tem um peso maior na cesta dos mais pobres.

Segundo o IBGE, o INPC (índice que calcula a inflação para famílias que ganham até cinco salários mínimos) sobe 3,6% em 12 meses, abaixo, portanto, do IPCA.

“Parte da população vê que a gasolina ficou mais cara, mas não que o supermerca­do ficou mais barato. Apesar dessa sensação, estamos gastando menos”, diz Serrano.

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