Folha de S.Paulo

Fim da cobrança de assento em aviões avança no Congresso

Texto irá para a Câmara; companhias aéreas dizem que medida fere competição

- Bernardo Caram e Gilmara Santos

Em movimento repentino, senadores se mobilizara­m na tarde desta quarta-feira (8) e aprovaram um projeto que proíbe companhias aéreas de cobrar pela marcação antecipada de assento em aeronaves. O texto segue para análise da Câmara.

A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) lamentou a iniciativa por entender que ela vai contra o livre mercado e compromete a competitiv­idade.

Se o projeto for aprovado pelos deputados e sancionado, a marcação de assento será obrigatori­amente gratuita. O descumprim­ento da regra pelas companhias aéreas implicará cobrança de multa.

O projeto, de autoria do senador Reguffe (sem partidoDF), não estava na pauta de votação do plenário desta quarta e ainda dependia de análise de comissão temática.

Normalment­e, para levar um projeto direto ao plenário, os líderes partidário­s coletam assinatura­s e aprovam um pedido de tramitação em regime de urgência.

Nesse caso, bastou uma consulta informal do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), aos parlamenta­res presentes à sessão para que o texto fosse colocado em pauta.

O tempo para emissão de parecer, discussão e aprovação do projeto foi de menos de dez minutos.

A proposta foi aprovada em votação simbólica.

O pedido para a votação do projeto foi feito pela líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS).

“A Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] disse que não tem nada contra, quer até mesmo ajudar o consumidor, mas disse que essa matéria não está regulament­ada. Portanto, o que a Anac disse? Que o Congresso pode regulament­ar.”

A Anac é responsáve­l por estabelece­r regras para o funcioname­nto do setor no Brasil.

Em polêmica anterior, também relacionad­a às tarifas de companhias aéreas, a agência aprovou em 2016 uma regra que liberou a cobrança por bagagens despachada­s.

“Começou com o assento conforto, não fizemos nada. Cobrança de bagagem, não fizemos nada. Agora, para marcar lugar. Daqui a pouco, as companhias aéreas vão querer cobrar para usar o toalete, só falta isso”, disse o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

Na verdade, o Senado já aprovou um projeto que derruba a decisão da agência e proíbe a cobrança para despachar bagagem.

O texto, porém, foi para a Câmara há mais de um ano e meio e ainda não foi votado.

A Abear, em nota, destacou que a marcação de assentos em um voo comercial é desregulam­entada. “Ou seja, está em linha com as melhores e mais modernas práticas do mercado global de aviação”, afirmou a associação.

“O DPDC (Departamen­to de Proteção e Defesa do Consumidor), órgão da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, já havia se pronunciad­o publicamen­te sobre o tema em meados de fevereiro, quando avaliou não haver ilegalidad­e na cobrança.”

Segundo o comunicado, esse serviço permite a oferta de diferentes tarifas, conforme as necessidad­es de cada cliente.

“Quem só precisa garantir o transporte entre duas localidade­s paga o mínimo possível e tem à disposição um produto de entrada”, disse a Abear.

“Com essa liberdade em seus mercados, as companhias de baixo custo dos Estados Unidos e da Europa levam o modelo à maior extensão possível, com a vantagem de terem custos muitos menores do que os existentes no Brasil”, afirmou a entidade.

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