Rompimento de Arábia Saudita com Canadá choca aliados ocidentais
Desde a ascensão de Mohammed bin Salman ao posto de príncipe herdeiro, no ano passado, o saudita ganhou a reputação de ser muito enfático em seus esforços para modernizar o reino conservador.
Desde então, membros da família real foram detidos, e começou uma campanha repressiva contra dissidentes.
Riad também assumiu a liderança de um embargo regional contra o Qatar; teria supostamente detido e forçado a renúncia do premiê do Líbano, Saad Hariri, em 2017; e entrou em disputa com a Alemanha pelas críticas de Berlim à política externa intervencionista dos sauditas.
Mas a extraordinária disputa entre a Arábia Saudita e o Canadá e a linguagem belicosa que emergiu em Riad causaram choque aos aliados ocidentais do reino e a observadores da política saudita.
A disputa com Ottawa emergiu depois que a ministra do Exterior canadense, Chrystia Freeland, apelou pela libertação de Samar Badawi, ativista saudita pelos direitos das mulheres, detida na semana passada. A família tem parentes no Canadá.
Riad reagiu de modo furioso. Em uma sequência de comunicados iniciada na segunda (6), as autoridades e a mídia saudita informaram a expulsão do embaixador canadense, o congelamento de novas transações comerciais e de investimento com o país, a suspensão de um programa de intercâmbio estudantil, e a suspensão dos voos da companhia de aviação saudita para o Canadá.
Nesta quarta, a Arábia Saudita disse que não há espaço para mediação na disputa, acrescentando que Ottawa sabe o que precisa fazer para “corrigir esse grande erro”.
Já o premiê canadense, Justin Trudeau, elogiou o reino pelos progressos em matéria de direitos humanos, mas disse que continuará pressionando Riad.
Para Ha Hellyer, do Conselho do Atlântico, o príncipe quer “redefinir as ‘linhas vermelhas’ da atuação internacional com a Arábia Saudita”.