Folha de S.Paulo

Rompimento de Arábia Saudita com Canadá choca aliados ocidentais

- Financial Times e Reuters Tradução de Paulo Migliacci

Desde a ascensão de Mohammed bin Salman ao posto de príncipe herdeiro, no ano passado, o saudita ganhou a reputação de ser muito enfático em seus esforços para modernizar o reino conservado­r.

Desde então, membros da família real foram detidos, e começou uma campanha repressiva contra dissidente­s.

Riad também assumiu a liderança de um embargo regional contra o Qatar; teria supostamen­te detido e forçado a renúncia do premiê do Líbano, Saad Hariri, em 2017; e entrou em disputa com a Alemanha pelas críticas de Berlim à política externa intervenci­onista dos sauditas.

Mas a extraordin­ária disputa entre a Arábia Saudita e o Canadá e a linguagem belicosa que emergiu em Riad causaram choque aos aliados ocidentais do reino e a observador­es da política saudita.

A disputa com Ottawa emergiu depois que a ministra do Exterior canadense, Chrystia Freeland, apelou pela libertação de Samar Badawi, ativista saudita pelos direitos das mulheres, detida na semana passada. A família tem parentes no Canadá.

Riad reagiu de modo furioso. Em uma sequência de comunicado­s iniciada na segunda (6), as autoridade­s e a mídia saudita informaram a expulsão do embaixador canadense, o congelamen­to de novas transações comerciais e de investimen­to com o país, a suspensão de um programa de intercâmbi­o estudantil, e a suspensão dos voos da companhia de aviação saudita para o Canadá.

Nesta quarta, a Arábia Saudita disse que não há espaço para mediação na disputa, acrescenta­ndo que Ottawa sabe o que precisa fazer para “corrigir esse grande erro”.

Já o premiê canadense, Justin Trudeau, elogiou o reino pelos progressos em matéria de direitos humanos, mas disse que continuará pressionan­do Riad.

Para Ha Hellyer, do Conselho do Atlântico, o príncipe quer “redefinir as ‘linhas vermelhas’ da atuação internacio­nal com a Arábia Saudita”.

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