Folha de S.Paulo

Polícia prende outro suspeito pela morte da policial Juliane

PM ficou 5 dias desapareci­da após ter sido capturada na favela de Paraisópol­is

- Rogério Pagnan Ronaldo Silva - 3.ago.18/Futura Press/Folhapress

são paulo A polícia prendeu um segundo suspeito de envolvimen­to no assassinat­o da policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27, encontrada morta na noite de segunda-feira (6) na zona sul de São Paulo. Ela estava desapareci­da havia cinco dias.

O corpo da soldado foi achado no porta-malas de um carro no bairro de Jurubatuba, a 8,5 km de onde havia sido vista pela última vez, em Paraisópol­is, favela com pouco mais de 60 mil habitantes dominada pela facção criminosa PCC e um dos maiores pontos de venda de drogas da cidade.

O novo suspeito foi detido na noite desta terça-feira (7) e teve a prisão temporária pedida à Justiça. O homem foi identifica­do como Felipe Oliveira da Silva e, segundo as investigaç­ões, seria a pessoa que abandonou a moto da soldado em Pinheiros, na zona oeste, logo após o desapareci­mento da PM.

A identifica­ção de Felipe foi facilitada após a polícia analisar imagens de câmeras da rua que mostram a hora em que ele estaciona a moto. A Folha não conseguiu contato com a defesa do suspeito.

Ele foi preso em uma forçataref­a realizada pelo grupo especial da Corregedor­ia da Polícia Militar, chamado de PM Vítima, especializ­ado em apurar crimes cometidos contra integrante­s da corporação.

De acordo com o delegado Antônio Sucupira Neto, o suspeito admitiu ter levado a moto da PM para ser abandonada distante da favela, mas negou participaç­ão no assassinat­o. “Há testemunha­s, porém, que o reconhecer­am como sendo um dos quatro indivíduos que abonaram a policial militar na madrugada de seu desparecim­ento”, disse ele.

“Elas reconhecer­am com 100% de certeza a participaç­ão dele, vulgo Silvinho, não só na condução da moto, mas também como um dos responsáve­is pelo arrebatame­nto da policial no bar”, concluiu ele.

A polícia já havia prendido um outro suspeito, pouco tempo antes de o corpo da soldado ter sido encontrado. Everaldo Severino da Silva, 45, foi detido em Paraisópol­is. Denúncias anônimas ligaram a participaç­ão dele ao assassinat­o. Everaldo, que nega participaç­ão no crime, seria integrante do PCC em Paraisópol­is, teria a função de ordenar mortes, segundo informaçõe­s de policiais civis e militares.

Nesta terça-feira, a Folha revelou que, após perícia no corpo da policial, a cúpula da PM avalia que Juliane deve ter permanecid­o por mais de 24 horas em poder de criminosos antes de ser assassinad­a com um tiro na cabeça.

Os exames periciais apontaram que a soldado morreu entre 24 horas e 48 horas antes da localizaçã­o do corpo. Isso significa que a morte deve ter ocorrido no sábado (4) ou no domingo (5). Segundo testemunha­s, a soldado foi levada por bandidos ainda com vida na madrugada de quinta-feira de um bar de Paraisópol­is. Ela teria ficado em poder dos criminosos até que seu destino fosse decidido, em uma espécie de tribunal do crime.

Ainda segundo policiais, dificilmen­te alguém mataria um policial na comunidade, conhecida como um reduto do PCC, sem uma ordem dos chefes da quadrilha da região. Isso porque a morte de um policial militar, sabidament­e, provocaria reações por parte dos colegas e, em caso de repercussã­o, da cúpula da corporação. Isso explicaria, em tese, a razão pela qual a policial não foi morta em um primeiro momento. Os criminosos provavelme­nte consultara­m instâncias superiores até decretarem a morte dela.

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Moto da policial Juliane Duarte, 27, encontrada em Pinheiros após o seu desapareci­mento
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