Folha de S.Paulo

Felipão aposta em receita antiga para tentar repetir sucesso na Libertador­es

Palmeiras enfrenta o Cerro Porteño, no Paraguai, pelas oitavas de final do torneio sul-americano

- Eduardo Geraque e Luiz Cosenzo

são paulo Luiz Felipe Scolari, 69, reestreia como técnico do Palmeiras em uma Libertador­es tentando aplicar a mesma receita de sucesso que deu certo tanto no Grêmio quanto no próprio clube alviverde nos anos 1990.

Conhecedor dos atalhos para conquistar um torneio de mata-mata, Scolari deu indícios de que seguirá fiel ao seu estilo no duelo contra o Cerro Porteño, nesta quinta-feira (9), no Paraguai, pelas oitavas de final da competição.

No vestiário, motivará titulares e reservas. Dentro de campo, quer equipe segura.

Os times do treinador gaúcho seguem algumas regras: têm três marcadores no meiocampo, sendo que um sai pelo lado para atacar, e um atacante de referência. É assim desde que comandou o Criciúma na conquista da Copa do Brasil, em 1991.

No Paraguai, os volantes serão Felipe Melo, Bruno Henrique e Moisés, que tem mais caracterís­ticas ofensivas e terá a incumbênci­a de jogar pelo meio, perto de Borja. O colombiano será o centroavan­te que Scolari gosta de ter em todas as equipes que monta.

“Ele gosta de uma espinha dorsal forte”, diz César Sampaio, ex-jogador do meio-campo palmeirens­e vencedor da Libertador­es de 1999.

“O Felipe trabalha muito em cima das fraquezas e forças dos adversário­s. Dificilmen­te ele terá uma equipe que vai propor o jogo os 90 minutos. Os times são mais reativos, com muito trabalho de bola parada”, afirma.

Roberto Cavalo, comandado pelo técnico no Criciúma, e Arce, no Grêmio e no Palmeiras, reforçam a tese de Sampaio.

Até em Portugal, em um dos melhores momentos da carreira do treinador depois do 3-5-2 que venceu todas as sete partidas do Mundial de 2002 com o Brasil, Felipão deixou a sua marca.

Cristiano Ronaldo, pela direita, era obrigado a voltar e marcar. O que revela outra faceta do treinador, considerad­a por alguns até mais importante do que a estratégia de jogo.

“A maior virtude do Scolari é trazer o grupo para ele, fazer com que os jogadores façam as coisas do jeito que ele pede. É isso o que ele preza no vestiário”, diz Marcos Assunção, 42, que jogou com Scolari no próprio Palmeiras de 2010 a 2012 —última passagem do técnico pelo time.

“Ele agrega muito, por saber conversar com o jogador”, acrescenta o ex-volante.

O início da campanha do Palmeiras no mata-mata continenta­l servirá para o torcedor saber qual Scolari estará no comando do clube.

O dos anos 1990 e início dos 2000 ou o da última década. Na Copa do Mundo de 2014, nem a estratégia contra a Alemanha nem a motivação do vestiário funcionara­m.

No jogo do Mineirão contra os alemães, manter Fred na referência e escalar Bernard pelo lado facilitou a troca de passes dos europeus.

Para quem precisa requalific­ar a biografia, Scolari tem a chance no Palmeiras de ser o técnico brasileiro com mais Libertador­es no currículo.

Hoje, com dois triunfos, está ao lado de Lula (Santos), Telê Santana (São Paulo) e Paulo Autuori (Cruzeiro e São Paulo). Ele ainda venceu quatro Copas do Brasil, duas com o Palmeiras, uma com o Grêmio e uma com o Criciúma.

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