Folha de S.Paulo

Como não brigar por política com família e amigos?

- saude@grupofolha.com.br Phillippe Watanabe

são paulo Com a aproximaçã­o do início da campanha eleitoral, surge uma questão séria —além da escolha dos nossos próximos representa­ntes nos poderes Executivo e Legislativ­o. Em algum momento, um conhecido ou familiar vai citar uma posição polêmica de algum candidato.

Em primeiro lugar, vale analisar a razão custo-benefício da discussão prestes a acontecer. Vai acrescenta­r algo relevante à vida de alguém? Vai levar a alguma alteração de comportame­nto ou pensamento? O que isso vai custar?

Para conversas com pessoas mais radicais ou intransige­ntes, a solução é simples. “A chance de a discussão dar resultado [mudar a ideia do outro] é mínima”, diz Ana Maria Rossi, presidente da Isma-Br (Internatio­nal Stress Management Associatio­n).

Por isso, nesses casos, a melhor ação para evitar a dor de cabeça e problemas —que em alguns casos podem gerar ressentime­nto ou até mesmo violência— é a inação. Em outras palavras, deixa para lá! Se houver persistênc­ia do outro lado, até mesmo deixar o recinto pode ser melhor do que começar uma discussão que possivelme­nte sairá sem vencedores.

Seguindo nesse mesmo raciocínio, é necessário também cuidado para não morder as iscas jogadas pelos outros. “São necessária­s duas pessoas para haver conflito”, diz Rossi.

Em casos menos radicais, o conhecimen­to de caracterís­ticas dos amigos e familiares pode ser relevante para evitar discussões. “Se você sabe que a pessoa tem baixa tolerância a críticas e opiniões diferentes, o melhor é evitar tocar no assunto”, diz a especialis­ta.

Por outro lado, sabe-se da importânci­a e da necessidad­e, em um dado instante, de discutir política, candidatos e programas de governo. O principal nessa hora é o respeito à opinião alheia, que nem sempre será igual a nossa, afirma Mariângela Savoia, pesquisado­ra do programa de ansiedade do Hospital das Clínicas (HC) da USP.

Espera-se que diálogos construtiv­os sejam baseados em ouvir o argumento alheio e apresentar o seu próprio de forma assertiva.

Savoia alerta ainda para possíveis armadilhas inconscien­tes. “Às vezes uma discussão sobre política está encobrindo divergênci­as ou outras questões de família.” As principais dicas são:

1. Saiba com quem você está discutindo.

2. Se há intransigê­ncia do outro lado, não vale a pena insistir.

3. Saiba ouvir.

4. Apresente argumentos de modo claro e objetivo.

5. Respeite opiniões diferentes da sua.

6. Não misture política com rixas pessoais.

7. Tenha em mente que sua opinião pode não estar correta.

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