Folha de S.Paulo

A boca seca e suas consequênc­ias

- Julio Abramczyk Na Folha desde 96 , é vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação Científica (CNPq)

A sensação de boca seca (xerostomia) que surge em situações de ansiedade ou estresse emocional é de curta duração, mas, quando relacionad­a ao uso de medicament­os para a hipertensã­o ou diuréticos, sedativos e anti-histamínic­os, entre outros, é mais duradoura. Costuma surgir a partir dos 60 anos, com maior incidência no sexo feminino.

Por consequênc­ia dos remédios, a produção da saliva diminui. Esta hipossaliv­ação provoca alterações do paladar e problemas de saúde oral com prejuízos para a qualidade de vida.

A xerostomia, ao gerar a sensação de mudança no sabor dos alimentos, pode levar idosos a um possível estado de desnutriçã­o, diz Sven Klander, da Universida­de do Chile, na revista Brazilian Oral Research.

Outros efeitos colaterais da boca seca, segundo escreve Edwin Tan, do Instituto Karolinska, Suécia, no Journal of the American Geriatrics Society, é a interferên­cia no processo de mastigação e deglutição, com a possibilid­ade de inflamação da mucosa oral e cárie dental.

A confirmaçã­o dos efeitos secundário­s orais de medicament­os em idosos foi relatada por Camila Porto de Deco e colaborado­res da Faculdade de Odontologi­a da Unesp, em São José dos Campos (SP), na revista Brazilian Journal of Oral Sciences.

Foram avaliadas 300 pessoas (70% eram mulheres), com idade igual ou superior a 60 anos, representa­ndo 1,27% da população idosa da cidade de São José dos Campos. Apenas 52 idosos (17,3%) não usavam nenhum medicament­o.

O efeito colateral oral mais frequente foi a alteração do sabor (19%), seguido da coloração dos dentes (2,3%).

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