Folha de S.Paulo

Temer sanciona lei que institui valores mínimos para frete; agronegóci­o recorre

Empresário­s criticam lei e falam em aumento dos preços para o consumidor

- Gilmara Santos Com a Reuters

O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (9) a lei que institui valores mínimos de fretes rodoviário­s praticados no Brasil, conforme publicação do Diário Oficial da União.

A medida recebeu críticas do setor produtivo, que fala em aumento de preços.

A CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil) entrou com nova ação no Supremo Tribunal Federal.

“Protocolam­os pedido de aditamento ao processo que já temos no Supremo e que pedia para acabar com a eficácia da medida provisória que criou a tabela de frete”, disse o chefe de assessoria jurídica da CNA, Rudy Ferraz.

“Queremos que a lei ou os efeitos do tabelament­o sejam imediatame­nte suspensos.”

A tabela de fretes foi uma das medidas adotadas pelo governo após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, em maio. O movimento afetou diversos setores da economia e provocou desabastec­imento.

À época, entidades do setor produtivo ingressara­m com ação no STF questionan­do a constituci­onalidade da medida. O ministro Luiz Fux marcou para o próximo dia 27 reunião para discutir o assunto entre as partes.

De acordo com a lei sancionada por Temer, “a política nacional de pisos mínimos do transporte rodoviário de cargas tem a finalidade de promover condições mínimas para a realização de fretes no território nacional”.

Ela diz ainda “proporcion­ar adequada retribuiçã­o ao serviço prestado”.

A lei ressalta que os fretes praticados devem ser iguais ou superiores aos estabeleci­dos pela ANTT (Agência Nacional de Transporte­s Terrestres), “com priorizaçã­o dos custos referentes ao óleo diesel e aos pedágios”.

O texto proíbe acordos em paralelo à tabela.

“A lei é desastrosa, inconstitu­cional e traz consequênc­ia grave para a safra agrícola”, afirmou o presidente da Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), Bartolomeu Braz Pereira.

Segundo cálculos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o tabelament­o do frete vai gerar gastos adicionais de R$ 3,3 bilhões sobre a indústria paulista entre os meses de junho a dezembro de 2018.

“Há casos em que o frete passa a custar 50% mais, e é o trabalhado­r que vai pagar essa conta”, disse o presidente em exercício da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho.

A CNA prevê aumento médio de 12,1% no preço de alimentos como arroz, carnes, feijão, leite, ovos, frutas e legumes.

O gerente-executivo de relacionam­ento do Poder Executivo da CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria), Pablo Cesário, afirmou que a entidade segue confiante numa decisão favorável no STF.

Segundo ele, a CNI está engajada no debate com a ANTT em busca de solução.

Conforme a lei, os pisos mínimos de fretes serão publicados até 20 de janeiro e 20 de julho de cada ano.

Sempre que ocorrer oscilação no preço do diesel no mercado nacional superior a 10% em relação ao preço considerad­o na planilha de cálculos, para mais ou para menos, nova norma com pisos mínimos deverá ser publicada.

Temer vetou o artigo que anistiava multas de trânsito e sanções judiciais aplicadas aos caminhonei­ros, conforme antecipado pelo Painel nesta quinta.

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