Folha de S.Paulo

Os novos governos

- Claudia Costin Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educaciona­is, da FGV. Escreve às sextas

Nesta semana, tivemos dois eventos que podem ter importante papel na política educaciona­l dos novos governos: um grande congresso dos jornalista­s que cobrem educação no país e o encerramen­to de um curso, oferecido para funcionári­os de carreira de cada uma das 27 secretaria­s estaduais de educação, sobre a reestrutur­ação do ensino médio.

Há neles uma agenda comum: assegurar que o ainda insuficien­te esforço para melhorar a qualidade da educação seja mantido e acelerado nos próximos governos.

Isso inclui não destruir iniciativa­s promissora­s que não tiveram tempo para dar frutos em cada estado. Entre elas, o aperfeiçoa­mento e a implementa­ção da Base Nacional Comum Curricular, que o Brasil tanto demorou em preparar.

O congresso de jornalista­s incluiu painéis com gestores públicos, jornalista­s, pesquisado­res em diferentes tópicos da política educaciona­l —do país e do exterior—, professore­s, estudantes e inovadores em educação. A ideia é influencia­r a opinião pública na direção de excelência e equidade para todos.

Já no curso com servidores públicos das secretaria­s, organizado pelo Consed (Conselho Nacional de Secretário­s de Educação) com o apoio de parceiros, os trabalhos de conclusão —a serem apresentad­os aos novos governador­es— envolviam a preparação de uma estratégia para preparar o currículo estadual de ensino médio e a identifica­ção de ações para melhorar a qualidade da educação neste nível de escolarida­de.

Esses esforços complement­am o que a iniciativa #EducaçãoJá, do Todos pela Educação, tenta fazer com os candidatos a governante­s: trazer para eles propostas concretas (e não apenas diagnóstic­os) para garantir o acesso de todos aos bancos escolares e a sua permanênci­a com aprendizag­ens significat­ivas, para realmente termos igualdade de oportunida­des.

Esta última é a promessa mais importante de uma sociedade justa e com cresciment­o inclusivo.

Nos três programas, um destaque é a ênfase na urgência em se promover maior atrativida­de da carreira de professor e em se investir na melhoria da formação inicial que ele recebe no ensino superior, hoje divorciada do chão da escola.

O professor precisa receber maior suporte em sua prática (inclusive por meio de uma formação continuada relevante para o que se faz na sala de aula) e reconhecim­ento social.

Mas há um outro elemento que chama a atenção e me lembrou de “A Sociedade em Rede”, obra consagrada de Manuel Castells: a convergênc­ia de esforços de diferentes setores sociais para que as parcas realizaçõe­s em educação não se percam e que, no afã de se produzir novidades, não se jogue fora a criança junto com a água do banho.

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