Folha de S.Paulo

Congresso não vê espaço para aprovar reajuste dos juízes

- Bernardo Caram, Maeli Prado e Talita Fernandes

Se aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Michel Temer, a proposta dos ministros do STF de reajustar os próprios salários em 16,38% terá um impacto de aproximada­mente R$ 4 bilhões nas contas da União e dos estados.

O aumento eleva os salários dos ministros dos atuais R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil a partir de 2019, gerando um efeito cascata em todo o setor público.

No dia seguinte à decisão da corte, o Congresso indicou que a aprovação do reajuste não será rápida nem fácil.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), afirmou que não há prazo para que a proposta seja analisada pela Casa, ressaltand­o que eventual votação do reajuste pode até ficar para depois das eleições de outubro.

Apesar de defender o fim dos chamados pendurical­hos, benefícios pagos além do salário, Eunício indicou que não entrará em confronto com o Poder Judiciário.

“Compreende­mos o momento que vivemos do ponto de vista da economia, mas também temos de compreende­r que cada Poder é autônomo e pode tomar suas decisões”, afirmou.

Responsáve­l pelo projeto que serve de base para a elaboração do Orçamento de 2019, o senador Dalírio Beber (PSDBSC) afirmou que não há espaço para reajustes salariais de servidores em 2019.

“Não há nenhuma perspectiv­a de termos receitas suficiente­s para atender as despesas existentes, muito menos as que eventualme­nte ainda pudermos criar”, disse à Folha.

O senador foi relator da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentár­ias) de 2019, aprovada pelo Congresso em julho.

Na tramitação, ele tentou incluir no texto uma proibição de reajustes de servidores no próximo ano, mas foi derrotado em plenário.

Na avaliação de Beber, o cenário de fraco desempenho econômico aliado a um aumento de despesas com reajustes salariais poderá resultar em aumento de impostos.

Responsáve­l pela articulaçã­o da Presidênci­a com o Congresso, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) disse que a aprovação do reajuste de salário dos ministros do STF desperta preocupaçã­o.

“Eu não tenho uma posição do governo, tenho uma posição pessoal de que o Brasil vive um conflito entre o justo e o possível”, afirmou.

Até 31 de agosto, o governo vai enviar ao Congresso o Orçamento de 2019.

Para o relator-geral da proposta, senador Waldemir Moka (MDB-MS), será preciso analisar o reajuste do STF com base no espaço disponível no Orçamento. “Se dentro daqueles recursos para os Poderes tiver espaço orçamentár­io, é uma prerrogati­va do Poder Judiciário”, disse.

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