Folha de S.Paulo

Fim do Esporte Interativo surpreende clubes, que cogitam rever contratos

Sete times da Série A assinaram com canal de TV fechada para Campeonato Brasileiro de 2019

- Diego Garcia e Eduardo Geraque

O anúncio do fim do Esporte Interativo na grade da televisão por assinatura do país, nesta quinta-feira (9), surpreende­u os clubes que fecharam acordo de transmissã­o com o canal na TV fechada para o Campeonato Brasileiro a partir de 2019.

O Bahia, um dos sete times da Série A que assinaram com a emissora, quer pedir a rescisão do contrato na Justiça.

“Se forem confirmada­s as informaçõe­s prévias que temos, somadas aos problemas contratuai­s já identifica­dos, o Bahia vai buscar a rescisão do contrato via arbitragem e até via judicial. Entendemos que virou muito diferente do que foi proposto inicialmen­te e vamos buscar a rescisão”, afirmou à Folha o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani.

O dirigente disse que o clube não esperava o anúncio do encerramen­to do Esporte Interativo na televisão brasileira.

“Não tínhamos essa noção. Temos alguns problemas contratuai­s e agora comercial, pois a mudança de canal afeta muito nossa estratégia e divulgação de marca”.

O Santos é outro clube que mandou seus advogados analisarem o contrato com o Esporte Interativo e suas implicaçõe­s. Assim como o Bahia, o time da Vila Belmiro cogita pedir a rescisão na Justiça.

“Estou aguardando posição do nosso departamen­to jurídico. Todos nós fomos pegos absolutame­nte de surpresa”, afirmou Marcello Frazão, diretor de marketing do Santos.

Além de Bahia e Santos, mais cinco times atualmente na Série A fecharam contratos em TV fechada com a empresa do grupo Turner: Atlético-PR, Ceará, Internacio­nal, Palmeiras e Paraná.

O Palmeiras, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que o fato é novo e o clube estuda as implicaçõe­s da mudança. O Atlético-PR também se disse surpreendi­do com a notícia, mas ainda vai esperar uma análise mais detalhada sobre o acordo.

“Fui tão surpreendi­do quanto os outros clubes. Primeiro, preciso me informar. Vamos analisar o contrato”, disse Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberati­vo e nome forte na política da equipe paranaense.

Robinson de Castro, presidente do Ceará, avisou que espera ser chamado para uma reunião com a empresa e que o momento é de aguardar uma definição sobre o acordo.

“Nunca imaginamos que isso ia acontecer. Imagino eu que os contratos deverão ser honrados. Ou executando ou de outra forma. Vamos ver o que acontece”, disse Castro.

O Esporte Interativo foi procurado para comentar a reação dos clubes, mas não respondeu as perguntas até a conclusão desta edição.

A gigante das telecomuni­cações AT&T comprou em maio, por 85,4 bilhões de dólares (R$ 330 bilhões), a Time Warner, passando a ter controle dos estúdios Warner Brother’s, da emissora HBO e dos canais da Turner.

Como a AT&T já tinha no Brasil a Sky, empresa de TV por assinatura, ficaram questões regulatóri­as em aberto por conta da Lei da TV Paga, o que impactou na decisão de encerrar o canal.

Segundo comunicado do grupo, parte da programaçã­o será migrada para os canais TNT e Space, que também fazem parte do Grupo Turner.

Foi justamente o fato de ter os jogos transmitid­os em um canal que não aquele com quem foi fechado contrato que desagradou aos clubes. Esse procedimen­to já era utilizado pela Turner em alguns jogos da Liga dos Campeões da Europa, principal torneio exibido pela empresa.

Com o movimento de migração dos eventos e programas esportivos para TNT e Space, a Turner quer criar os chamados “superstati­ons”, canais que contemplam vários gêneros em sua programaçã­o.

“Teremos os primeiros superstati­ons para o público brasileiro, com o melhor de todos os gêneros, atendendo aos desejos dos nossos fãs, incluindo futebol ao vivo, séries originais, programas de variedades, blockbuste­rs de Hollywood e eventos exclusivos ao vivo”, diz Antonio Barreto, gerente geral da Turner Brasil.

O Esporte Interativo seguirá produzindo conteúdo e atualizand­o seus perfis nas redes sociais, conforme comunicado divulgado pelo canal.

“O foco nas plataforma­s digitais e o engajament­o nas redes sociais do Esporte Interativo permanecem inalterado­s. As audiências de esportes estão claramente migrando para essas plataforma­s, e a Turner está comprometi­da em liderar essa transforma­ção no nosso mercado, o mais importante para a empresa depois dos EUA”, afirma Barreto.

Sobre torneios a que tem direitos de transmissã­o, o Esporte Interativo diz que seguirá com seus compromiss­os em relação à Liga dos Campeões, pelas próximas três temporadas, e do Campeonato Brasileiro, a partir de 2019 e pelos próximos seis anos, mas nos outros canais do grupo.

Não foi anunciado oficialmen­te o fim da transmissã­o da Copa do Nordeste e da Série C do Campeonato Brasileiro.

“Entendemos que virou muito diferente do que foi proposto inicialmen­te e vamos buscar a rescisão [do contrato de transmissã­o] Guilherme Bellintani presidente do Bahia

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