Folha de S.Paulo

Cresce a preocupaçã­o sobre drones armados

- Andy Pasztor e Dustin Volz The Wall Street Journal, traduzido do inglês por Paulo Migliacci

Os representa­ntes das empresas que fabricam drones (aeronaves de pilotagem remota) para uso pessoal e comercial e as autoridade­s ainda buscam um consenso sobre a expansão das operações de drones e a proteção da segurança pública.

O assunto ganhou atenção depois de uma suposta tentativa de assassinat­o contra o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 4, em Caracas.

Segundo autoridade­s do país, dois drones carregados com cerca de dois quilos de explosivos plásticos ameaçaram o presidente. Ele escapou ileso, mas sete soldados foram feridos.

O incidente representa “a primeira ocasião, fora de uma zona de guerra, em que uma organizaçã­o empregou um drone como arma” para tentar um ataque, disse Pete Cooper, ex-especialis­ta em segurança cibernétic­a do governo britânico e hoje consultor em Londres.

Para ele, o atentado pode servir como catalisado­r para que “outros grupos, que podem ter considerad­o um ataque desse tipo, mas descartara­m a possibilid­ade”, agora “retomem a ideia”.

Na opinião do especialis­ta, “a regulament­ação ajudará, Brendan Schulman presidente de políticas públicas e assuntos legais da SZ DJI Technology, da China, maior fabricante de drones comerciais do mundo em alguma medida”, mas sistemas mais pró-ativos, projetados para localizar e neutraliza­r drones, são essenciais para a proteção.

Brendan Schulman, presidente de políticas públicas e assuntos legais da SZ DJI Technology, da China, maior fabricante de drones comerciais do mundo, disse que o ataque na Venezuela é um alerta claro ao setor sobre a necessidad­e de medidas de segurança.

“Não creio que isso impedirá o progresso dos drones”, disse. Porém, “deve provocar uma aceleração” e “destacar a importânci­a de implementa­r soluções de identifica­ção remota”, que “darão às autoridade­s mais capacidade de rastrear drones no ar e identifica­r a posição de seus operadores em terra”.

A identifica­ção remota é uma das medidas de segurança mais considerad­as. Esse sistema —que representa um desafio tecnológic­o consideráv­el— é o principal obstáculo à expansão das operações comerciais de drones.

No país, onde o debate esquentou nos últimos anos, propostas para regulament­ar sistemas remotos de identifica­ção devem ser divulgadas até o segundo trimestre de 2019. Até lá, a discussão sobre as limitações propostas ao uso de drones, como uma altitude máxima de voo de 120 metros, deve continuar.

Há meses o governo Trump pede ao Congresso uma autoridade para abater ou desabilita­r drones potencialm­ente perigosos, mencionand­o, entre outras preocupaçõ­es, a facilidade com que terrorista­s poderiam adquiri-los e transformá-los em armas.

Como medida provisória, agências federais americanas declararam zonas de exclusão de voo para os drones no entorno de instalaçõe­s militares, usinas de energia, instalaçõe­s de armas nucleares e edificaçõe­s do governo. Fabricante­s já desenvolve­m aparelhos com restrição a essas áreas.

“Se a sociedade e o governo vierem a confiar em que as zonas de voo restrito são suficiente­mente seguras, o setor poderá crescer de maneira significat­iva”, disse Tim Bean, cofundador e presidente-executivo da Fortem Technologi­es, startup que oferece tecnologia­s de detecção e combate a drones, a governos e clientes empresaria­is.

Em maio, senadores apresentar­am um projeto de lei que conferiria poderes a um departamen­to governamen­tal para proteger edificaçõe­s em caso de risco. A União Americana pelas Liberdades Civis se opôs, alegando que o projeto conferiria poderes amplos demais ao governo.

A indústria mundial de drones cresceu muito nos últimos anos: de 500 mil para uso pessoal e comercial em 2014 para mais de 3 milhões em 2017.

“Não creio que isso [o ataque na Venezuela] impedirá o progresso dos drones

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14.ago.17/Xinhua Venezuelan­o sangra após suposta tentativa de ataque de drone contra Maduro

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