Folha de S.Paulo

Bolsonaro propõe fundir ministério­s da área econômica

Criticado por desconheci­mento do tema, candidato do PSL à Presidênci­a promete concentrar poderes em seu guru

- Talita Fernandes e Thais Bilenky Joel Silva/Folhapress

O presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL), criticado por saber pouco de economia, incluiu em proposta de governo registrada no Tribunal Superior Eleitoral a criação de um superminis­tério na área. A pasta reuniria quatro das atuais 29: Fazenda, Planejamen­to, Indústria e Comércio e Secretaria-Geral.

Estariam subordinad­as ao ministério, comandado pelo economista Paulo Guedes, guru do candidato, instituiçõ­es como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

O programa promete reduzir a dívida pública em 20% e zerar o déficit no primeiro ano —a previsão para 2019 é de rombo de R$ 139 bilhões.

O único ponto que trata de programas sociais é a proposta de renda mínima, com base no Bolsa Família. A ideia seria inspirada em plano similar do economista Milton Friedman.

Criticado pelo seu pouco conhecimen­to sobre economia, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) propôs a criação um super ministério para cuidar da área. Anova pasta reuniria quat rodas atuais 29: Fazenda, Planejamen­to, Indústria e Comércio e Secretaria-Geral.

Caberá ao economista Paulo Guedes comandar o Ministério da Economia caso o presidenci­ável seja eleito. As uges tãoéd eques ejamsubord in adasà pasta as instituiçõ­es financeira­s federais como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil eBND ES. Para o Banco Central, o candidato prevê independên­cia, mas diz que a instituiçã­o deve estar alinhada com o Ministério da Economia.

Com isso, Bolsonaro concentrar­á uma série de poderes a Guedes, seu guru econômico ao qual costuma se referir como “posto Ipiranga”.

O programa promete um governo liberal democrata, com o projeto de reduzira dívida pública em 20% e uma meta ambiciosa de zerar o déficit já no primeiro ano de governo, enquanto a previsão atual é de que o país feche as contas em 2019 com um rombo de R$ 139 bilhões. O deputado diz ainda, sem dar detalhes, que vai converter o quadro de déficit em superávit já em 2020.

Bolsonaro promete manter o tripé macroeconô­mico: câmbio flutuante, metas de superávit primário e metas de inflação.

O documento traz diretrizes e críticas genéricas, sobretudo aos governos do PT, afirmando que o Estado gasta muito e mal, mas não detalha de que forma um eventual governo Bolsonaro conquistar­á a recuperaçã­o econômica.

Para solucionar os problemas fiscais, aponta para medidas como privatizaç­ões, concessões e venda de imóveis do governo, sem listar quais seriamos ativosr epas sadosà iniciativa privada. Sobre a Petrobras, o candidato critica o modelo adotado nos governos do PT, de exigircont­eúdo local( que parte da produção seja brasileira) e fala em trazer mais competitiv­idade para o setor de energia, priorizand­o o setor de gás natural. Mas o texto não é categórico sobre o futuro da estatal petroleira, cuja hipótese de privatizar o deputado já admitiu.

O texto menciona uma agenda de reformas e cita mudanças na Previdênci­a como a possibilid­ade de um modelo capitaliza­ção individual.

Para diminuir o desemprego, ele propõe um novo tipo de carteira de trabalho, chamada apenas de “carteira verde e amarela”, que seria uma opção para ingressant­es no mercado de trabalho.

“Todo jovem que ingresse no mercado de trabalho poderá escolher entre um vínculo empregatíc­io baseado na carteira de trabalho tradiciona­l (azul) —mantendo o ordenament­o jurídico atual –, ou uma carteira de trabalho verde e amarela (onde o contrato individual prevalece sobre a CLT, mantendo todos os direitos constituci­onais).”

O único ponto em que trata de programas sociais é uma proposta de renda mínima, com base no Bolsa Família.

Para se livrar de eventuais acusações de que esteja dando continuida­des a uma iniciativa que é marca da gestão do PT, ou a defendida pelo ex-senador petista Eduardo Suplicy, Bolsonaro recorre ao economista liberal Milton Friedman para citar que a ideia tem como base um programa de renda mínima do economista americano. Ele promete garantir à população renda igual ou superior —sem falar em valores— ao pago pelo Bolsa Família.

Ele afirma ainda que criará um sistema de imposto de renda negativo.

Criticado por posturas considerad­as misóginas, racistas e homofóbica­s, o candidato do PSL deixou de fora de suas intenções de governo políticas públicas voltadas para minorias. Deforma geral, fala em escolhas afetivas eque família e a propriedad­e privada não podem sofrer influência doestado .“Os frutos de nossasesco­l hasa fetivas têm nome: FAMÍLIA! Seja e laco mofor, é sagrada e o Estado não deve interferir­em nossas vidas ”, diz o texto.

O documento, intitulado “Caminho da Prosperida­de” foi protocolad­o pelo partido no Tribunal Superior Eleitoral junto do registro da candidatur­a de Bolsonaro e de seu vice, general Hamilton Mourão, da reserva do Exército.

Ot ex toé marcado por críticas ao PT eà esquerda, a quem culpa pelos problemas do país. Ele não faz menção direta à Operação Lava Jato, mas promete combatera corrupção.

O presidenci­ável declarou ter patrimônio de R$ 2,287 milhões, número similar ao que informou quatro anos antese bem abaixo do que realmente valem seus bens, que incluem cinco imóveis no Rio e em Brasília, veículos e aplicações financeira­s —a lei não exige informar valores atualizado­s.

Em um dos tópicos do programa, ele relaciona a primeira reunião do grupo de siglas de esquerda latino-americanas Foro de São Paulo, na década de 1990, ao aumento da criminalid­ade. “Coincident­emente, onde participan­tes do Foro de SP governam, sobe a criminalid­ade”, apontou o programa de governo. “Mais de 1 milhão de brasileiro­s foram assassinad­os desde a 1ª reunião do Foro de São Paulo.”

Para a área de segurança pública são propostas medidas como a redução da maioridade penal, mudança no estatuto do desarmamen­to, fim de progressão de regime e das saídas temporária­s de preso.

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O candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro, ao desembarca­r ao aeroporto de Congonhas

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