Folha de S.Paulo

Ciro muda proposta para SPC e estipula prazo para dívidas

Medida prevê que só endividame­ntos feitos até 20 de julho sejam refinancia­dos

- Gustavo Uribe

Após críticas, o presidenci­ável Ciro Gomes (PDT) mudou a proposta para tirar devedores da lista do Serviço de Proteção ao Crédito. Só serão avaliadas dívidas feitas até 20/7 deste ano, para evitar que pessoas se endividem esperando renegociaç­ão.

O candidato do PDT à sucessão presidenci­al, Ciro Gomes, anunciou nesta terça-feira (14) que decidiu fazer uma alteração na proposta de tirar o nome de brasileiro­s da lista de devedores do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

Segundo o candidato, se ele for eleito, só serão avaliadas as dívidas feitas até o dia 20 de julho deste ano, quando ele abordou pela primeira vez a intenção de renegociar a dívida dos cidadãos inadimplen­tes, descontand­o, por exemplo, multas e correção.

De acordo com o candidato, a alteração deveu-se à crítica recebida por ele de que pessoas poderiam fazer novas dívidas proposital­mente com a expectativ­a de uma renegociaç­ão.

“Essa crítica me chamou a atenção de que não deve valer para a frente para não estimular ninguém a fazer crédito e depois não pagar de propósito”, disse.

A Folha mostrou nesta terça (14) que especialis­tas na área veem com desconfian­ça o plano de Ciro, por ser vago demais.

Um deles, o economista­chefe da corretora Spinelli, André Perfeito, disse à reportagem que, se Ciro não detalhasse a proposta e a deixasse aberta demais, poderia “sinalizar errado” para a sociedade “de que é só sair gastando que vai ser perdoado depois”.

O candidato do PDT acusou candidatos adversário­s de copiarem as suas propostas e rebateu a análise feita pelos especialis­tas e economista­s consultado­s pela Folha.

“Você acha mesmo que eu faria uma proposta que não tenha sido detalhadam­ente estudada? O problema é que meus adversário­s estão imitando tudo e eu quero que as pessoas discutam [as propostas]. A crítica para mim não é ruim, é bem-vinda”, disse.

O plano apresentad­o até agora por Ciro prevê tirar juros sobre juros das dívidas e depois afrouxar os compulsóri­os para que os bancos refinancie­m o restante do débito para os inadimplen­tes, que são 63,4 milhões de brasileiro­s, 42% da população adulta.

O candidato participou nesta terça de seminário com os presidenci­áveis promovido pela Unecs (União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços), em Brasília.

“Tudo o que eu falo agora os meus adversário­s estão copiando. É uma coisa boa porque as boas ideias devem ser de todos, mas é muito chato na medida que você ainda não ganhou a eleição. O PT chegou a copiar frase e nome. Já não chega ter tido 13 anos para fazer e não ter feito”, criticou.

Ele afirmou ainda que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, copiou dele a promessa de zerar o déficit público nos dois primeiros meses.

Na apresentaç­ão, Ciro defendeu o combate à corrupção e classifico­u o presidenci­alismo de coalizão como uma “roubalheir­a” que torna o presidente um “testa de ferro”.

Sobre o combate à violência, ele defendeu a federaliza­ção de crimes relacionad­os ao narcotráfi­co e a facções criminosas, “da origem da investigaç­ão até a segregação penitenciá­ria”.

“Todo o comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) está nos presídios de São Paulo, porque fizeram acordo. Eu assumindo, vai todo mundo para penitenciá­ria federal, cela solitária e incomunicá­vel”, disse.

O presidenci­ável do PDT também respondeu à cobrança pública feita pelo candidato a vice-presidente do PT, Fernando Haddad, e disse ser contra sua presença nos debates televisivo­s.

Segundo ele, o candidato do partido é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não faz sentido que um substituto compareça ao confronto eleitoral.

Por essa lógica, segundo ele, Jair Bolsonaro, do PSL, poderia ser trocado pelo seu candidato a vice-presidente, o general Hamilton Mourão.

“Eu acho que não [deve participar]. Quem é o candidato a presidente do PT? É o Lula. Por que o Haddad vai para os debates? Isso depende de mim? Então, o Bolsonaro pode mandar Mourão”, ressaltou o candidato pedetista.

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Adriano Machado/Reuters Ciro Gomes participa de evento da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços, em Brasília

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