Folha de S.Paulo

Em crise, hospital de Guarulhos tem sujeira acumulada e falta de médicos

- Luciano Cavenagui Agora

são paulo Falta de médicos, muita sujeira e carência de medicament­os. Esse é o cenário relatado por pacientes do HMU (Hospital Municipal de Urgência) de Guarulhos (Grande São Paulo).

A unidade hospitalar, uma das principais referência­s da cidade, está passando por uma crise de gestão entre a prefeitura e o Instituto Gerir, entidade privada contratada para fazer a administra­ção.

Com salários atrasados, médicos entraram em greve na segunda (13). Sem pagamento, a empresa terceiriza­da responsáve­l pela limpeza suspendeu o serviço. A crise afeta ainda o Hospital Municipal da Criança e do Adolescent­e.

Segundo o Instituto Gerir, a prefeitura não repassou, nos últimos meses, R$ 27 milhões, inviabiliz­ando assim a presta- ção adequada dos serviços.

Quem procurava atendiment­o nesta terça (14) era informado que só casos muitos graves seriam acolhidos. Segundo empregados, só na manhã de terça a sujeira acumulada desde domingo (12) foi retirada pela prefeitura.

A administra­dora Divina Gonçalves, 60, tem ido diariament­e ao hospital para visitar um parente internado. “Infelizmen­te este hospital está abandonado. Já achei até rato aqui dentro por causa da falta de limpeza”, afirma.

O Instituto Gerir diz que a prestação da limpeza voltou ao normal nesta terça no final da manhã, após o repasse emergencia­l de R$ 700 mil feito pela prefeitura. Alega que, oficialmen­te, a greve dos médicos foi encerrada com o pagamento dos salários de maio, estando ainda em aberto os vencimento­s de junho e julho.

Quatro pacientes internados no Hospital Municipal de Urgência estão infectados com a superbacté­ria chamada KPC, confirma a Secretaria de Saúde de Guarulhos. Uma das contaminad­as é a recepcioni­sta Evelin de Souza, 26, internada desde junho com diabetes. O quadro clínico dela piorou e ela está na UTI.

A secretaria diz que não há surto de infecção e que os pacientes foram identifica­dos após exames de rotina.

A Prefeitura de Guarulhos, sob gestão do prefeito Gustavo Henric Costa, o Guti (PSB), alega que o convênio com o Instituto Gerir está em dia e que repassou nesta terça R$ 700 mil para o pagamento imediato dos salários dos funcionári­os de limpeza.

Ela não reconhece os atrasos de R$ 27 milhões citados pela entidade.

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