Folha de S.Paulo

Por dinheiro e estabilida­de, clubes priorizam mata-mata

Preterir Brasileiro e poupar jogadores para Copa do Brasil vira tendência

- Bruno Rodrigues e Luiz Cosenzo

FLAMENGO GRÊMIO 21h45, Maracanã Na TV: SporTV

Poupar atletas para enfrentar o extenso calendário não é novidade no futebol do país. Ainda mais se os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro estão também nas fases finais da Copa do Brasil, como Flamengo e Grêmio, que se enfrentam nesta quarta (15), no Maracanã.

Nos últimos anos, o torneio mata-mata tem recebido tratamento prioritári­o em relação ao Brasileiro, com equipes quase largando a competição de pontos corridos para focar as partidas eliminatór­ias.

Um dos atrativos é a premiação, que rende agora pouco mais de R$ 60 milhões acumulados ao campeão. Até o ano passado, o valor era de aproximada­mente R$ 13 milhões para o vencedor do torneio.

A Copa do Brasil ainda é considerad­a pelos clubes o caminho mais curto para disputar a próxima edição da Libertador­es. Sete times que estão nas quartas de final entraram na fase anterior porque estavam na disputa do torneio sulamerica­no. O Bahia ganhou o direito após faturar o título da Copa do Nordeste de 2017.

A competição mata-mata, porém, dá outra garantia, essa para os seus técnicos.

Campeões da Copa do Brasil em 2016 e 2017, Renato Gaúcho, no Grêmio, e Mano Menezes, no Cruzeiro, têm os dois trabalhos mais longevos entre os clubes da Série A do Brasileiro. Grêmio e Cruzeiro foram os times que mais pouparam jogadores nas três últimas rodadas da competição.

Renato utilizou 21 reservas para iniciar seus compromiss­os diante de Chapecoens­e, há duas semanas, e Vitória, no último domingo (12), partidas que antecedera­m os duelos contra o Flamengo.

Ele também utilizou reservas diante do próprio clube carioca, pelo Brasileiro. Mesmo assim, conquistou 7 pontos de 9 possíveis, o que mantém a equipe na disputa pelo título do Nacional até o momento.

A aposta de Renato tem dado certo. Após o troféu da Copa do Brasil em 2016, o técnico conquistou também a Libertador­es no ano passado utilizando esse método.

“Vocês querem o quê? Jogar com o mesmo time três vezes em nove dias? Só para quem não entende de futebol. Hoje, se alguém é exemplo para o futebol brasileiro, é o Grêmio. O que me aborrece é a pessoa dizer que o Grêmio deixou o Brasileiro de lado. Então todos os treinadore­s do Brasil são burros, porque todos vão poupar no Brasileiro”, disse em entrevista recente.

Nesta temporada, o Cruzeiro repete também a fórmula do ano passado de descansar o time-base aos fins de semana para escalar o que tem de mais forte na Copa do Brasil.

Nos duelos antes dos jogos contra o Santos —diante de São Paulo e Flamengo—, foram 11 jogadores poupados.

“Foi uma decisão de risco calculado. Entendemos que era isso que deveríamos fazer, afirmou Mano.

O clube mineiro está próximo da classifica­ção nas duas competiçõe­s eliminatór­ias, já que venceu o Santos por 1 a 0, pela Copa do Brasil, e o Flamengo por 2 a 0, pela Libertador­es, ambas como visitante.

Rival do Cruzeiro, o Santos não fez rodízio, até porque corre risco de rebaixamen­to.

No outro confronto das quartas de final da Copa do Brasil, o Corinthian­s também poupou atletas de olho no jogo contra a Chapecoens­e.

Antes do primeiro duelo, escalou o time titular. Já no último domingo, quando enfrentou a equipe catarinens­e pelo Nacional, Osmar Loss não escalou seis jogadores considerad­os da equipe base.

O Palmeiras, que entra em campo na quinta (16), também aposta no revezament­o e deixa de lado o Brasileiro. Contra o Vasco, no domingo, poupou seis atletas.

A decisão dos clubes de poupar jogadores no Brasileiro não agrada à CBF, organizado­ra da competição, que estuda limitar o número de atletas inscritos no torneio.

As Séries B e C do Brasileiro têm limite de 40 e 35 jogadores, respectiva­mente. No Campeonato Paulista também há restrição. Na Europa, o Campeonato Inglês permite 25 inscritos, além de atletas sub-21.

Atualmente, o Grêmio tem 35 jogadores no elenco principal, de acordo com o site do clube. A Chapecoens­e possui 34, seguida por Corinthian­s (33), Bahia (31), Santos (31), Cruzeiro (30), Flamengo (30) e Palmeiras (28).

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Lucas Uebel - 12.ago.18/Grêmio/Divulgação Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, durante partida contra o Vitória pelo Brasileiro
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