Festival Mirada recebe apanhado da Colômbia e novo Antunes Filho
Mostra, que acontece de 5 a 14 de setembro na baixada santista, resgata história do país latino e discute violência
A história recente colombiana, em especial uma discussão sobre a violência do país, costura as produções que chegam à quinta edição do Mirada – Festival IberoAmericano de Artes Cênicas.
A bienal promovida pelo Sesc acontece de 5 a 14 de setembro na baixada santista e, neste ano, homenageia a Colômbia. Em sua programação, reúne nove produções do país, entre espetáculos de teatro, dança e uma instalação.
Segundo Emerson Pirola, assistente da gerência de ação cultural do Sesc São Paulo e membro da curadoria desta edição, os trabalhos do país têm como marca a discussão da memória e de questões atuais da sociedade colombiana.
É o caso da produção que abre a mostra, “Labio de Liebre”. Nela, o Teatro Petra fala com ironia de um assassino que, no exílio, é assombrado pelos fantasmas das vítimas.
Já “La Despedida”, do Mapa Teatro, baseia-se no conflito entre o governo e a ex-guerrilha Farc. “São trabalhos que tratam muito da memória e da violência”, afirma Pirola.
Mas não só. O curador destaca entre os 41 espetáculos apresentados na edição uma discussão sobre o colonialismo, como o mexicano “Del Manantial del Corazón”, de Conchi León, que trata do sincretismo religioso do período pós-colonial, e “Colônia”, texto de Gustavo Colombini que explora diversos significados do termo que dá título à peça.
A programação ainda recebe pela primeira vez uma produção da Nicarágua: “La Ciudad Vacía”, do Teatro Justo Rufino Garay. É uma tentativa de dar espaço a países que nunca o tiveram, explica Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP
Trata-se de um festival que, sobretudo, busca discutir a produção ibero-americana recente e jogar luz sobre as criações latinas, muito desconhecidas do público brasileiro.
“O Mirada parte de uma pergunta: como é possível a gente estar tão próximo de tantos países e conhecer tão pouco deles?”, comenta Pirola. “Essa irmandade latino-americana é algo em que temos que investir mais”, continua Miranda.
Há ainda espaço para novidades brasileiras, como “Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse”, nova produção do CPT do diretor Antunes Filho, a partir da obra de Jean-Luc Lagarce.
Depois de estrear no festival, a montagem segue para temporada em São Paulo, no Sesc Consolação, ponte que tornou-se prática comum com a programação do Mirada.
“Grande Sertão: Veredas”, por exemplo, adaptação de Bia Lessa para o romance de Guimarães Rosa, retorna a São Paulo depois de passar pela baixada santista —a partir de novembro, ocupa a área de convivência do Sesc Pompeia.
Os ingressos começam a ser vendidos nesta quinta-feira (16) no site sescsp.org.br, a partir das 14h, e nas bilheterias do Sesc, a partir das 17h30.
Mirada
5 a 14/9, na baixada santista. Programação em mirada.sescsp.org.br