Folha de S.Paulo

Diretrizes vão orientar escola sobre limite de idade de alunos

Conselho de educação publicará regras até setembro, que valerão para ensino infantil e fundamenta­l

- Paulo Saldaña

O Conselho Nacional de Educação publicará diretrizes para orientar escolas a se adequarem ao limite de idade para entrada na educação infantil e no ensino fundamenta­l.

Decisão recente do STF determina que crianças só podem entrar no fundamenta­l se fizerem seis anos até31demar­ço.

O CNE (Conselho Nacional de Educação) vai publicar até setembro diretrizes para orientar os sistemas de ensino de todo o país, o que inclui escolas públicas e privadas, a se adequarem ao limite de idade dos alunos para entrada na educação infantil e no ensino fundamenta­l.

De acordo com o membro do conselho Alessio Costa Lima, que preside a Undime (órgão que representa dirigentes municipais de Educação), redes de ensino e conselhos estaduais e municipais de educação precisarão adaptar suas regras, caso haja divergênci­as de datas.

O objetivo do órgão é padronizar o corte etário após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), do início de agosto, que validou, por 6 votos a 5, definição do próprio CNE de que crianças devem iniciar os estudos no ensino fundamenta­l se completare­m seis anos até 31 de março.

A mesma data de corte vale para crianças de quatro anos no ingresso da pré-escola.

Especialis­tas argumentam, com base em pesquisas, que garantir crianças com seis anos completos até março evita uma antecipaçã­o da escolariza­ção —uma vez que as atividades na pré-escola são mais lúdicas e, no ensino fundamenta­l, o trabalho de alfabetiza­ção já é efetivo.

Esse corte em março também é o mesmo praticado na maioria dos países do Mercosul, como afirma o MEC, que também defende a medida.

Para crianças já matriculad­as, haverá uma norma de transição. O consenso no CNE é que não deve haver retenção de alunos para se adequar à regra —ou seja, crianças não devem “repetir de ano” por causa da medida. Na maioria dos municípios, a data de corte de 31 de março já é adotada, disse Alessio, durante o 7º Fórum Nacional de Dirigentes Municipais de Educação, que ocorre em Olinda (PE).

Mas há critérios variados entre os estados, e pelo menos oito seguem datas diferentes ao permitir as matrículas.

Em São Paulo, por exemplo, unidades estaduais de fora da capital adotam a data de corte de 30 de junho, prevista pelo conselho de educação paulista. O objetivo da nova publicação do CNE é fazer com que conselhos estaduais, como o de São Paulo, reeditem suas normas locais.

As escolas privadas seguem as publicaçõe­s desse órgão. Por isso, a nova resolução do conselho terá um caráter de diretriz, e não apenas de orientação. A publicação deve prever ainda um prazo para que os conselhos estaduais adequem suas regras.

A data de corte etário em março foi estipulada em 2010 pelo CNE. Sempre houve divergênci­a, e o tema chegou ao STF, que julgou duas ações em conjunto que abordavam o mesmo tema —uma do Governo de Mato Grosso do Sul, de 2007, e outra ajuizada pela Procurador­ia Geral da República em 2013.

O Supremo, então, considerou constituci­onal a regra do conselho, mas ainda não foram equalizada­s questões sobre aplicação, prazos e adequação em estados onde há decisões judiciais a favor de outras datas.

Na semana passada, a Fenep (federação nacional que representa escolas particular­es) publicou ofício no qual orienta suas filiadas a adotarem as mesmas regras utilizadas em 2018 para a admissão de alunos no próximo ano letivo.

A entidade afirma que o estabeleci­mento do corte em março esbarra em entraves jurídicos e poderia inclusive provocar prejuízo a escolas.

A decisão do Supremo também provocará alguns efeitos colaterais. No caso das redes municipais, por exemplo, a liberdade de matricular no ensino fundamenta­l crianças que completam seis anos após o mês de março tem reduzido a pressão por vagas na pré-escola.

Os dados mais atuais mostram que em todo o Brasil há 510 mil crianças de 4 a 5 anos fora da escola. Isso ocorre porque faltam prédios de pré-escola pelo país. Esse problema não ocorre, no entanto, com o ensino fundamenta­l, onde há vagas disponívei­s.

O repórter viajou a convite da Undime

 ?? Diego Padgurschi 2.mai.18/Folhapress ?? Alunos do primeiro ano do ensino fundamenta­l de escola municipal na Vila Mazzei, zona norte de SP
Diego Padgurschi 2.mai.18/Folhapress Alunos do primeiro ano do ensino fundamenta­l de escola municipal na Vila Mazzei, zona norte de SP

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