Folha de S.Paulo

Tudo como dantes?

- Bruno Boghossian

Não foi desta vez que o fantasma da renovação assustou os políticos. Em 23 das 27 unidades da federação, governador­es ou ex-governador­es disputam mais um mandato. No Maranhão, a recordista Roseana Sarney (MDB) quer comandar o estado pela quinta vez.

O quadro deste ano mostra que os caciques locais põem suas fichas em nomes famosos e no poder das máquinas dos governos. Embora a política tradiciona­l esteja em baixa, pode ser mais fácil conquistar votos com os rostos de velhos conhecidos.

A saudade do ex será posta à prova em sete estados, onde haverá embates entre atuais e antigos governador­es. No Maranhão, Roseana tenta desbancar Flávio Dino (PC do B). Antonio Anastasia (PSDB) se empenha para voltar a governar Minas contra Fernando Pimentel (PT). Quase 30 anos após deixar o poder em Alagoas, Fernando Collor (PTC) enfrenta Renan Filho (MDB).

Em três estados, ex-governador­es disputam o cargo sem a sombra dos atuais mandatário­s: Anthony Garotinho (PRP), no Rio; Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo; e José Maranhão (MDB), na Paraíba.

Em uma eleição curta, com só 35 dias de propaganda na TV para apresentar ilustres desconheci­dos ao público, o recall beneficia os veteranos. Anchieta Júnior (PSDB), por exemplo, lidera em Roraima quatro anos depois de sair do cargo.

Além dele, antigos ou atuais governador­es lideram pesquisas em Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará e Tocantins. Até José Ivo Sartori (MDB), cuja popularida­de não é das maiores, aparece em primeiro lugar no Rio Grande do Sul.

Pode ser que todos sejam cavalos paraguaios e fiquem pelo caminho quando a campanha engrenar. Mas boa parte dos novos e velhos mandachuva­s sai empurrada por grandes siglas, fatias gordas do fundo eleitoral e a força de governos.

Embora a linha de chegada ainda esteja distante, a composição dos páreos não ajuda os azarões. Em muitos estados, a renovação só se dará entre os nomes de sempre.

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