Folha de S.Paulo

Ranking estadual leva em conta 17 variáveis reunidas em 6 componente­s

Assim como em levantamen­to dos municípios, critério é abrangênci­a e confiabili­dade dos dados

- Alessandro Janoni e Renata Nunes Diretor de Pesquisas do Datafolha e Gerente de Operações do Datafolha

O REE-F (Ranking de Eficiência dos Estados - Folha) segue o escopo do REM-F (Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha), sua versão municipal, desenvolvi­da pelo jornal em parceria com o Datafolha há dois anos com o objetivo de quantifica­r o cumpriment­o de funções básicas dos entes da Federação, previstas em lei, segundo seus recursos financeiro­s.

O critério para a escolha das variáveis considera a confiabili­dade das fontes, o potencial de rastreabil­idade (dados disponívei­s para 26 Estados), a possibilid­ade de comparação e a facilidade de compreensã­o dos resultados.

A diferença do REM-F para o REE-F encontra-se na abrangênci­a das responsabi­lidades dos estados: no ranking municipal eram oito variáveis subdividid­as em quatro categorias, e no estadual são 17, agrupadas em seis. Além de educação, saúde e finanças, entram segurança pública, infraestru­tura e receita per capita.

Em educação, o REE-F segue tanto as obrigações constituci­onais quanto as determinaç­ões da Lei de Diretrizes e Bases do setor, que prevê a colaboraçã­o do Estado nos diferentes níveis de ensino.

Por isso, são contemplad­as variáveis como a taxa de jovens matriculad­os e o índice de evasão do ensino médio, a proporção de ingressant­es no ensino superior estadual, o percentual de crianças de 6 a 14 anos matriculad­as no ensino fundamenta­l e as notas médias dos alunos no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

A referência são os dados mais atualizado­s, obtidos junto ao Inep e as projeções anuais do IBGE para 2015 e 2016.

Em saúde, os estados devem garantir cooperação técnica e financeira ao atendiment­o local, feito nos municípios, além de atuar de forma suplementa­r nas demandas não respondida­s em diferentes regiões.

As variáveis considerad­as para cada unidade da federação correspond­em à taxa de mortalidad­e infantil, o número de médicos por habitante, a cobertura de atenção básica e o número de leitos do SUS geridos pelo estado. As fontes são dados de 2015 a 2017, fornecidos pelo Ministério da Saúde e pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

Em infraestru­tura, são computadas não só as categorias de saneamento básico como também a qualidade da malha rodoviária de cada estado.

No primeiro item, apesar de operaciona­lizado em última análise pelos municípios, o atendiment­o deve ser, segundo a legislação, compartilh­ado pelos três entes federativo­s.

São computados os percentuai­s de população que recebem água e tratamento de esgoto, segundo dados de 2017 do Ministério das Cidades e projeções populacion­ais do IBGE.

No potencial logístico, foram levantadas as taxas de aprovação técnica (percentuai­s de ótimo e bom) das estradas por unidade federativa, segundo relatório de 2017 da CNT (Confederaç­ão Nacional dos Transporte­s).

Em segurança pública, atribuição básica dos estados, o ranking utiliza como métricas as taxas de mortes violentas intenciona­is por 100 mil habitantes referentes a 2017, divulgadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e tam- bém os índices de vitimizaçã­o por Unidade Federativa, com base na pesquisa nacional divulgada pelo Ministério da Justiça em 2013.

Com o objetivo de minimizar efeitos sazonais, como a Pesquisa Nacional de Vitimizaçã­o não tem periodicid­ade regular, foram utilizados os índices consolidad­os ao longo da vida dos entrevista­dos em 13 tipos de ofensas criminosas levantadas no estudo, dentre elas, agressão física e sexual, roubo e furto de objetos, roubo de carros e motociclet­as e também sequestros.

Para o item finanças, foi adicionado o comprometi­mento da receita tanto com a dívida do estado quanto com a folha de pagamento.

No primeiro tópico, foram somadas as dívidas fundada e flutuante do Relatório Estoque Final do Tesouro Nacional de 2016, ambas com o mesmo peso (1) no cálculo da subcategor­ia finanças.

Já no segundo, foi atribuído peso 2 à soma dos gastos com ativos e inativos sobre receita total de 2017, porque a variável é usada como métrica de referência na Lei de Responsabi­lidade Fiscal.

Os dados de gastos com pessoal foram fornecidos pela Coordenaçã­o de Políticas Macroeconô­micas do Ipea e os dados de receita total são encontrado­s no Sistema de Informaçõe­s Contábeis do Setor Público Brasileiro (Siconfi) do Tesouro Nacional.

A opção pela Receita Total e não pela Receita Corrente Líquida para os cálculos do item finanças, assim como para denominado­r na equação final do ranking, embasase na utilização de uma variável padronizad­a para a comparação entre as unidades da Federação, sem a interferên­cia de deduções específica­s e inerentes à peculiarid­ade fiscal de determinad­os estados.

Para o cálculo final do REE-F, todos os componente­s (educação, saúde, infraestru­tura, segurança, finanças e receita per capita) recebem um escore de 0 a 1 para o processo de ranqueamen­to, em método semelhante ao adotado no IDH (Índice de Desenvolvi­mento Humano) da ONU.

Calcula-se então uma média ponderada desses itens, com saúde e educação valendo o dobro, já que até 2017 os setores possuíam pisos obrigatóri­os de investimen­to segundo regras constituci­onais.

Para se chegar ao índice de eficiência do estado, o produto é dividido pelo escore da receita per capita de 2017 na Unidade da Federação correspond­ente. Quando o resultado for igual ou maior do que 0,5, isto é, eficácia superior ao potencial da receita, o estado é considerad­o eficiente.

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