Folha de S.Paulo

Filhos de caciques do MDB lideram coligações estaduais

Renan Filho tem o apoio de 19 partidos, do centrão ao PT, em Alagoas; no Pará, o filho de Jader Barbalho agrupou 17 siglas

- João Pedro Pitombo

As maiores coligações em disputas estaduais nesta eleição serão lideradas pelo governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), que tenta se reeleger apoiado por 19 partidos, e Helder Barbalho (MDB), que disputa o Pará com 17. Ambos são filhos de caciques da legenda.

“Não fiz nenhuma tratativa com partidos que possa imobilizar o nosso governo. Cheguei até aqui dialogando com a sociedade Helder Barbalho Candidato do MDB ao governo do Pará com o apoio de 17 partidos

As maiores coligações para a disputa de governos estaduais na eleição deste ano serão lideradas pelos filhos de dois caciques do MDB, por um ex-governador que viu seu adversário desistir da reeleição e por governador do PC do B que levou até o DEM para o seu palanque.

Dono do maior arco de alianças do país, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), disputará a reeleição com o apoio de 19 partidos. Seu pai, Renan Calheiros (MDB), é um dos candidatos ao Senado.

Em seu palanque estarão desde partidos do centrão como PR e Solidaried­ade, que apoiam Geraldo Alckmin (PSDB) para a Presidênci­a, até PT e PC do B, que sustentam a candidatur­a do expresiden­te Lula.

Com a aliança, Renan Filho terá mais tempo de propaganda partidária que seu principal adversário, o senador Fernando Collor (PTC), sustentado por oito partidos.

Mas também deve enfrentar embaraços diante da incompatib­ilidade ideológica de partidos. Exemplo disso aconteceu há duas semanas: Renan Filho e o pai foram vaiados e chamados de golpistas na convenção do PT.

Em situação semelhante estará o ex-ministro dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer Helder Barbalho (MDB). Ele disputará o governo do Pará e também terá o pai, Jader Barbalho (MDB), como candidato a senador.

Helder conseguiu aglutinar 17 partidos mesmo disputando o governo do estado pela oposição. Enfrentará nas urnas o deputado Márcio Miranda (DEM), com o apoio do governador Simão Jatene (PSDB).

Entre os aliados do emedebista estão cinco dos oito partidos que nacionalme­nte apoiam Alckmin e até partidos ainda mais à direita como o PSL de Jair Bolsonaro e o Patriota do Cabo Daciolo.

Helder afirma que sua aliança é resultado de convergênc­ia dos partidos que estão insatisfei­tos com o atuais rumos do Pará. E diz que os partidos aliados terão que se adequar ao seu projeto e não o contrário.

“Não fiz nenhuma tratativa com partidos que possa imobilizar o nosso governo. Cheguei até aqui dialogando com a sociedade”, disse à Folha.

No Ceará, o governador Camilo Santana (PT) terá a quarta maior coligação do país, com 16 partidos. Mas na prática será o candidato com mais apoios partidário­s, já que terá o apoio informal de outros oito partidos que uniram-se em torno de Eunício Oliveira (MDB), candidato ao Senado de forma independen­te.

A aliança informal com Eunício foi uma exigência do presidenci­ável Ciro Gomes (PDT) e de seu irmão Cid Gomes (PDT), único candidato ao Senado na chapa de Camilo. Aliado do petista no Ceará, Ciro já chegou a afirmar que o MDB “precisa ser destruído”.

A formação de uma aliança informal de 24 partidos, contudo, gerou uma série de ruídos na base do governador Camilo Santana. Parte do PT ligada a deputada federal Luizianne Lins é adversária do PDT de Ciro e Cid Gomes.

Os irmãos Gomes, por sua vez, têm um histórico de desavenças com o MDB de Eunício. O tamanho do problema ficou claro há dez dias, quando nem Luizianne nem Eunício nem Cid comparecer­am à convenção que oficializo­u Camilo como candidato.

No Espírito Santo, o ex-governador Renato Casagrande (PSB) terá a segunda maior aliança do país. Ele foi beneficiad­o pela desistênci­a do governador Paulo Hartung (MDB) em disputar a reeleição.

Partidos que estavam com Hartung, como PSDB, DEM e PDT, acabaram migrando para a candidatur­a de Casagrande. O MDB ficou isolado e vai apoiar a candidatur­a ao governo da senadora Rose de Freitas (Podemos).

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), ampliou o seu arco de alianças para as eleições deste ano e terá o apoio de 16 partidos, alguns díspares como PT e DEM.

“O que nos une é o que chamamos de partido do Maranhão, dos interesses do estado acima dos interesses partidário­s”, diz Márcio Jerry, presidente estadual do PC do B.

Em São Paulo, Márcio França (PSB) também conseguiu formar uma ampla coligação mesmo tendo assumido o governo do estado há apenas quatro meses. Terá 15 partidos, em sua maioria legendas de médio ou pequeno porte.

Seus adversário­s vão na contramão. Paulo Skaf (MDB) não tem mais nenhum aliado, e João Doria (PSDB) terá uma aliança de seis partidos, entre eles legendas de maior porte como DEM e PP.

O que nos une é o que chamamos de partido do Maranhão Márcio Jerry Presidente estadual do PCdoBdo Maranhão

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Fonte: TREs

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