Folha de S.Paulo

Brasil vence seis de sete etapas do surfe e pode atingir maior domínio na história

Vencedor de 6 das 7 etapas da Liga Mundial até agora, país tem 3 surfistas entre os 5 melhores colocados no ranking

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Maioria no circuito mundial em 2018, o surfe brasileiro poderá atingir neste ano seu melhor desempenho coletivo na história.

Desde que Gabriel Medina conquistou o título, em 2014, a geração apelidada de “Brazilian Storm” (tempestade brasileira) ganhou mais visibilida­de. Agora, caminha para uma campanha dominante.

Neste domingo (19), Medina venceu a etapa de Teahupo’o, no Taiti, e registrou a sexta vitória consecutiv­a dos brasileiro­s na temporada. Das sete provas já disputadas, apenas a etapa inaugural, de Gold Coast, na Austrália, não foi vencida pelo Brasil —o australian­o Julian Wilson foi o vencedor.

“Eu treinei muito para conseguir outra vitória aqui nesse lugar fantástico. Eu amo o Taiti, já tive ótimas finais aqui, ganhei uma, fiquei em segundo duas vezes, agora consegui outra vitória”, disse Medina após o triunfo em Teahupo’o.

O rendimento atual da geração brasileira já igualou o número de vitórias da temporada de 2015, quando o país também registrou seis triunfos. O título mundial ficou com Adriano de Souza, o Mineirinho.

Para melhorar ainda mais a posição do surfe nacional, a vitória de Medina em Teahupo’o colocou o brasileiro em segundo no ranking, atrás apenas do compatriot­a Filipe Toledo, que já venceu duas etapas no ano. Julian Wilson foi para terceiro.

São três brasileiro­s entre os cinco melhores do ranking da Liga Mundial de Surfe. Além de Toledo e Medina, Italo Ferreira, que venceu duas etapas, ocupa a quarta posição.

Só em 2015 que o Brasil conseguiu fechar o circuito com três atletas no top 5, mas com posições ligeiramen­te inferiores às atuais: Adriano de Souza (1º), Gabriel Medina (3ºº) e Filipe Toledo (4º).

O outro brasileiro que venceu uma etapa nesta temporada foi Willian Cardoso, que conquistou a Uluwatu CT, na Indonésia, e ocupa a nona colocação do ranking.

Com 11 surfistas na disputa, o Brasil é o país com mais competidor­es na elite mundial, superando a Austrália, que tem oito e até 2017 detinha a superiorid­ade no número de atletas. A atual geração de brasileiro­s também dá sinais de que irá dominar a modalidade por um bom tempo.

A média de idade dos surfistas do país no primeiro escalão do esporte é de 25,8 anos, enquanto que a média do circuito mundial é dois anos mais envelhecid­a (27,8).

Restam quatro provas para o encerramen­to da temporada: a inédita disputa na piscina de ondas artificiai­s de Kelly Slater, em setembro, na Califórnia, as etapas de Portugal e França, e a última competição de 2018, o Pipe Masters, no Havaí.

A sequência do Mundial indica uma dose de favoritism­o para Gabriel Medina. O brasileiro tem um bom histórico nas etapas que restam até o fim do torneio.

“Agora eu posso começar a pensar em ganhar o título mundial de novo. Eu acho que tudo é possível, pois ainda temos quatro eventos e eu só quero continuar dando o meu melhor nas baterias”, completou o surfista campeão mundial em 2014.

Ele defenderá os títulos das etapas da França (que já conquistou três vezes) e de Portugal, além de somar dois vices em Pipe Masters.

Já Filipe Toledo, desde que venceu sua primeira etapa no ano, seguiu apresentan­do um desempenho consistent­e e não ficou abaixo do quinto lugar. Em Teahupo’o, caiu apenas na semifinal e foi terceiro.

Julian Wilson, terceiro do ranking atrás dos dois brasileiro­s, já venceu a etapa portuguesa e ficou com o título do Pipe Masters em 2014.

Ao assegurar sua décima vitória no circuito profission­al, Gabriel Medina também reforçou o retrospect­o de triunfos brasileiro­s no surfe mundial nesta última década.

Desde a temporada de 2011, os surfistas do país já venceram nada menos do que 26 etapas da Liga Mundial.

Com sete triunfos cada um, Filipe Toledo e Adriano de Souza aparecem na sequência com o maior número de vitórias pelo país.

O primeiro brasileiro a ganhar uma etapa da elite do surfe mundial foi Pepê Lopes, em 1976, na praia do Arpoador (RJ). No ano seguinte, na mesma etapa, Daniel Friedmann ficou com a vitória, deixando Lopes com a segunda colocação.

O surfe brasileiro só voltaria a ganhar uma etapa válida pela elite da modalidade em 1990, quando Fábio Gouveia venceu na praia de Pitangueir­as, em Guarujá (SP).

Embora a atual geração impression­e os rivais, o Brasil ainda está longe de ameaçar a hegemonia das grandes forças do surfe mundial.

No total de títulos do circuito profission­al, Austrália (com 20) e Estados Unidos (19) seguem como referência na história da modalidade.

Individual­mente, ninguém no circuito chega perto de ameaçar o recorde do americano Kelly Slatter, 46, com 11 títulos ao longo da carreira.

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Divulgação/WSL Gabriel Medina durante a etapa de Teahupo’o (Taiti), finalizada no domingo (19)
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