Folha de S.Paulo

No RS, Sartori enfrenta tabu de não reeleição

- Divulgação -Fernanda Canofre

O governador gaúcho, José Ivo Sartori (MDB), 70, vai tentar quebrar nesta eleição uma tradição política do estado: há 71 anos, o Rio Grande do Sul não tem continuaçã­o de governo pelo voto popular.

A última vez que o mesmo partido foi eleito para seguir no governo foi em 1947, com a posse de Walter Jobim, avô do ex-ministro Nelson Jobim.

Sartori enfrenta críticas a políticas como o parcelamen­to frequente de salários de servidores públicos, a redução do efetivo na segurança pública e a tentativa de aderir ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal com o governo de Michel Temer.

O emedebista cita a assinatura do acordo como única solução para o estado que vive uma das piores crises financeira­s da União. Porém não conseguiu convencer a Assembleia a aprovar o plebiscito para encaminhar a privatizaç­ão de estatais como a CEEE (companhia de energia), uma das contrapart­idas exigidas.

“Projetos como o plebiscito para decidir sobre o futuro das estatais não avançaram por conta daqueles que colocaram os interesses pessoais acima do Rio Grande. A popularida­de nunca me moveu”, diz Sartori.

O governador, que tem a maior coligação do pleito, com nove partidos, concorre contra antigos aliados.

O PSDB, do candidato Eduardo Leite, 33, presidente estadual do partido e ex-prefeito de Pelotas, anunciou o desembarqu­e da base em dezembro.

Segundo Leite, que tem apoio de sete legendas, a decisão pela candidatur­a própria veio porque o partido precisava de “um projeto diferente” e “mais afinado” com o que pensam para o estado. “O momento para os próximos quatro anos é outro. O governo precisa de nova postura”, diz ele.

À esquerda, em outra coligação com sete aliados, está o PDT de Jairo Jorge, 55, ex-prefeito de Canoas, que deixou o PT em 2016. O partido assumiu a pasta da Educação no início do governo e só saiu no ano passado. Mesmo na base, o PDT votava contra projetos que o governo considerav­a essenciais, como a extinção de fundações estaduais.

Jorge diz que a aliança com Sartori se deu pelo plano “de implantar a escola de tempo integral, uma bandeira de Leonel Brizola”, que, afirma ele,não evoluiu

O PT, antecessor de Sartori no governo e com força histórica entre os gaúchos, tenta se reerguer. Fechou chapa apenas com o PC do B, anunciada no fim do prazo, depois da movimentaç­ão nacional que aliou Manuela D’Ávila (PC do B) à candidatur­a Lula (PT). Rossetto, 58, foi ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff.

Em pesquisa Ibope divulgada na última sexta (17), Sartori apareceu na liderança com 19% das intenções de voto, seguido por Leite e Rossetto, com 8%, e Jairo Jorge, com 6%. A margem de erro é de três pontos percentuai­s, para mais ou para menos.

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