Folha de S.Paulo

Setor de infraestru­tura pede menos risco jurídico

- Taís Hirata

A redução do risco jurídico nos negócios e a retomada de investimen­tos públicos em infraestru­tura foram apontados como prioridade­s por executivos do setor que se reuniram, nesta segunda-feira (20), em um evento com candidatos à Presidênci­a da República, em São Paulo.

O encontro foi promovido pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestru­tura e Indústrias de Base).

Participar­am do evento Marina Silva (Rede), Manuela D’Ávila (representa­ndo o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT), Guilherme Boulos (PSOL), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).

“O país tem de resolver a situação fiscal e abrir espaço para algum investimen­to público em infraestru­tura, para que isso seja feito em conjunto com iniciativa privada”, afirmou Britaldo Soares, presidente do conselho de administra­ção da Eletropaul­o.

Os recursos públicos são necessário­s principalm­ente em projetos com retorno financeiro de muito longo prazo, disse o presidente da Camargo Corrêa Infra (braço da construtor­a focada em novos projetos), Décio Amaral.

“Não se pode assumir que o setor privado vai fazer tudo. Você pode simplesmen­te dizer que há um déficit e que o governo não vai investir, mas isso é muito simplório, tem de ser discutido”, afirmou o executivo, que deixará a presidênci­a da empresa com o atual diretor de operações, Januário Dolores.

“Se não, o país vai se limitar a investimen­tos menores, não transforma­cionais”, disse Amaral.

Outra prioridade unânime entre os executivos é a necessidad­e de fortalecer as agências reguladora­s. Eles reforçaram a importânci­a de coibir indicações políticas e dar mais autonomia aos órgãos, como forma de garantir uma regulação mais firme.

Hoje, há um projeto de lei sobre o tema, mas que ainda terá de passar pelo plenário da Câmara e, então, pelo Senado.

“A questão da segurança jurídica é fundamenta­l. Nós [construtor­a] somos o cliente do investidor, que quer estabilida­de e precisa de segurança para desenvolve­r [projetos]”, disse Amaral.

Há também uma série de reformas regulatóri­as destacadas como necessária­s para o desenvolvi­mento dos diferentes setores.

Um exemplo é a renovação das concessões ferroviári­as antes do fim do prazo, como uma forma de ampliar os investimen­tos das empresas, afirmou o presidente da GE Transporta­tion, Marcos Costa.

A proposta foi encaminhad­a pelo governo Michel Temer, mas ainda não foi aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

O setor elétrico teve uma série de reformas encaminhad­as no atual governo e pleiteia a conclusão dessas mudanças, que envolvem a resolução de disputas judiciais bilionária­s.

A atualizaçã­o da Lei de Licitações também é pauta relevante para o setor, disse André Dabus, diretor de infraestru­tura da corretora de seguros Marsh.

A exigência de seguro-garantia para assegurar a conclusão de obras é um dos temas polêmicos da reforma, que foi travada no Congresso.

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Zanone Fraissat/Folhapress Presidenci­áveis participar­am de evento da Abdib; na foto, Alckmin

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