Aposentado tenta provar ser dono de imóvel desapropriado
Um dos antigos moradores das áreas usadas para a construção da estação Brasilândia é o aposentado Walter Giacon, 71. Desde a desapropriação, em 2015, quando deixou a casa em que morava desde 1954, ele vive de aluguel.
Coincidentemente, Giacon trabalhou como operário no primeiro trecho do metrô de São Paulo, na linha 1-azul, ainda na década de 1970. Como morava na distante Brasilândia, passou anos pleiteando entre políticos e executivos do metrô a construção de uma linha que conectasse o bairro ao centro da cidade.
Em 2012, depois de participar de seguidas audiências públicas, descobriu que o imóvel onde se casou e onde criou a família tinha sido um dos endereços escolhidos para abrigar a futura estação terminal da linha 6-laranja.
Walter tentou mostrar para o Metrô que, se os engenheiros deslocassem a estação em 200 metros, ela poderia ser construída num terreno vazio, minimizando o número de desapropriações.
O Metrô não aprovou a mudança da estação para o terreno vazio (que hoje abriga um supermercado atacadista), o que forçou a desapropriação de vários imóveis.
A empresa paulista, ligada à gestão Márcio França (PSDB), disse que foram indenizados os donos de praticamente todos os imóveis desapropriados —a exceção é somente um proprietário cujo processo se arrasta ainda na Justiça.
O caso de seu Walter é um pouco mais complicado, pois, sem ter a escritura de seu imóvel, antes de tudo ele tenta provar na Justiça ser o dono da casa onde vive desde 1954.
Ao menos outro vizinho de Walter está na mesma situação: com um processo de usucapião tentando comprovar na Justiça ser dono de seu imóvel, para depois reclamar uma indenização.
Walter só não sabe dizer o que chegará antes: o direito reconhecido ou o primeiro trem circulando na linha 6-laranja.