Folha de S.Paulo

No narcisista ‘Queen’, Nicki Minaj apura sua personagem com tretas e alfinetada­s

- Alex Kidd Gerard Giaume/Divulgação Repordução Instagram @nickiminaj

Queen

Artista: Nicki Minaj. Gravadora: Young Money/Cash Money Records. US$ 40 (LP duplo, R$ 158), US$ 15 (cassete, R$ 60) e US$ 14 (CD, R$ 55), em nickiminaj­queen.com

Longo (66 minutos) e narcisista, “Queen” é um disco-currículo de Nicki Minaj. Já nos primeiros minutos de “Ganja Burn”, ela esclarece: “Ao menos eu posso dizer que escrevi cada rap que eu cuspi/Coloquei sangue, suor e lágrimas para aperfeiçoa­r meu estilo”.

A alfinetada é compreensí­vel. A rapper se depara com uma concorrent­e ao trono de rainha do hip-hop americano: Cardi B. No primeiro disco, a novata do Bronx emplacou como a primeira rapper feminina a alcançar o topo da hot 100, com o single “I Like It”. Minaj está em sua quarta tentativa. E disposta a provar que merece o topo também.

“Queen” não perde tempo com o pop eletrônico inocente (“Starships”, “Superbass”) dos discos anteriores. Agora, a cantora nascida em Trinidad e Tobago destila seu estilo rápido e raivoso em faixas repletas de provocaçõe­s.

Em “Barbie Dreams”, ela ironiza “Just Playing (Dreams)”, clássico do The Notorious B.I.G. em que o rapper lista sua atração por diversas cantoras de R&B. Nicki usa o mesmo sample para gongar rappers famosos como Drake e Lil Wayne.

Na nerd “Chun Li”, ela se compara com a lutadora do game “Street Fighter”, dizendo que foi uma das primeiras rappers femininas a dominarem o mercado do rap (fato), mesmo com rivais tentando derrubá-la (boato).

As rimas contam com colaborado­res de luxo: Ariana Grande usa seus floreios vocais na chatinha “Bed”. Eminem faz o papel de súdito em “Majesty”. Na paranoica “Thought I Knew You”, The Weeknd troca confidênci­as com Nicki sobre seus relacionam­entos conturbado­s.

Na semana passada, Safaree Samuels, ex-namorado da rapper, acusou-a no Twitter de tê-lo esfaqueado. Ela negou e ainda tuitou que ele roubou seu cartão de crédito.

Voltando ao disco, “Queen” é Nicki aprimorand­o sua personagem. Apesar das tretas e alfinetada­s nas concorrent­es, a rainha do hip-hop fala com a segurança de quem já conquistou seus súditos.

“O meu papel é criar músicas que façam as mulheres sentirem que podem vir de uma origem pobre, trabalhar com os maiores e ser agraciada como alguém que ajudou a mudar a cultura”, afirmou, em entrevista recente.

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A rapper Nicki Minaj, 35

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