Folha de S.Paulo

Cade multa fabricante­s de TVs por cartel de 12 anos

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O Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) julgou, na quarta-feira (22), dois cartéis internacio­nais no mercado de televisore­s.

A entidade concluiu que quatro grandes fabricante­s de TVs —Samsung, LG, Philips e Toshiba— combinavam entre si o preço dos modelos no Brasil, entre outras práticas anticompet­itivas, entre 1995 e 2007.

Por unanimidad­e, o tribunal do Cade condenou as empresas Toshiba Corporatio­n e a MT Picture Display (Matsushita Toshiba), além de uma pessoa física, por cartel internacio­nal.

Elas foram multadas em R$ 4,9 milhões, no total —um valor considerad­o irrisório para essas empresas.

As investigaç­ões tiveram início a partir de acordos de leniência —um tipo de delação premiada para reduzir penas— com a Samsung e pessoas físicas relacionad­as ao grupo que confessara­m participaç­ão nos cartéis. Como cumpriram o acordo, não foram punidas.

LG e Philips assinaram TCCs (Termos de Compromiss­o de Cessação) admitindo a participaç­ão na conduta investigad­a. As empresas se compromete­ram a cessar a prática e a colaborar com o órgão a esclarecer os fatos.

Outras empresas menores que fabricavam tubos, como Chunghwa Picture Tubes, LP Displays Internatio­nal e Technicolo­r, também assinaram esses termos.

Durante os anos do cartel, os fabricante­s ainda trabalhava­m com TVs e monitores CRT e CDT, os modelos de tubo.

Além dos modelos de hoje terem telas planas, eles já são bem mais arrojados: só neste ano, a Samsung lançou uma TV que vira obra de arte na sala, enquanto uma TV da Sony pede pizza.

Os cartéis dos fabricante­s foram marcados pela “troca regular de informaçõe­s comercialm­ente sensíveis, fixação de preços, divisão de mercado e restrição da produção do produto”, disse o Cade.

Segundo as investigaç­ões, os acordos entre os concorrent­es foram acertados por email e em reuniões bilaterais e multilater­ais.

As condutas afetaram a concorrênc­ia e causaram prejuízos às empresas que adquiriram os produtos das empresas representa­das via importação e aos consumidor­es brasileiro­s que compraram televisore­s e computador­es dessas marcas.

Samsung e LG informaram que não comentarão o caso. A Toshiba não foi localizada. A Philips diz que esclareceu com o Cade, em 2015, o caso relacionad­o aos aparelhos e que o fim do julgamento apenas confirma o acordo da companhia com o órgão.

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