Folha de S.Paulo

Na Escócia, ex-auxiliar de Ceni torce pelo São Paulo

- Bruno Rodrigues

Se fosse necessário resumir a curta carreira do inglês Michael Beale no futebol profission­al, daria para dizer que ela está ligada por uma cobrança de falta.

Auxiliar de Rogério Ceni no São Paulo quando o ex-goleiro iniciou a carreira de treinador, em 2017, Beale é hoje um dos assistente­s técnicos de Steven Gerrard no Rangers, da Escócia.

Gerrard era o craque do Liverpool (ING) vice-campeão do Mundial de Clubes em 2005, quando o clube do Morumbi conquistou o título no Japão. Um dos lances mais lembrados do jogo é uma defesa de Ceni em falta batida no ângulo por Gerrard.

Apesar da coincidênc­ia, o inglês diz que a vitória histórica do São Paulo nunca foi assunto entre ele e o atual chefe.

“[Eu e Gerrard] não falamos sobre esse jogo. Mas falei muito sobre isso com Rogério e Pintado [também auxiliar na época]. Foi um grande momento da história do São Paulo”, diz Beale à Folha.

Após deixar o São Paulo e retornar à base do Liverpool, ele foi chamado por Gerrard para acompanhá-lo em seu primeiro desafio como técnico.

Ídolo do clube inglês, pelo qual jogou por 17 anos, o exmeio-campista preferiu tomar um rumo diferente ao de Ceni, que iniciou sua trajetória como técnico no clube em que jogou por 25 anos e ganhou o status de maior ídolo.

Apesar dessa diferença, Beale enxerga semelhança­s na forma como encaram o futebol. “Ambos querem que seus times tenham a bola e joguem com muita paixão e energia. Eles têm níveis muito altos de profission­alismo e tentam transmitir esses valores em suas equipes”, analisa.

Beale e Rogério Ceni mantêm contato, apesar da distância. Quem também ajuda a preservar o elo entre os dois é Charles Hembert, francês que chegou ao São Paulo com o ex-goleiro e hoje o acompanha no Fortaleza.

O inglês conta que observa quando pode os jogos da equipe cearense, líder da Série B do Campeonato Brasileiro.

“Ele está mostrando às pessoas que é um técnico muito bom. Eu acho que o próximo trabalho dele será em um clube muito importante”, afirma.

O auxiliar ficou seis meses no clube do Morumbi e pediu demissão dias antes de Ceni ter sido mandado embora.

Na época, Michael Beale alegou que o projeto esportivo depois de um semestre de trabalho não era o mesmo que ele, Ceni e a comissão técnica haviam pensado para 2017. Só naquele ano foram negociados David Neres, Luiz Araújo, Lyanco e Thiago Mendes.

Mesmo com a frustração de um trabalho que não engrenou, Michael Beale, 37

Chegou a se profission­alizar como jogador no Charlton (ING), mas sua carreira não emplacou e ele parou cedo. Como técnico, trabalhou nove anos na base do Chelsea e pouco mais de quatro no Liverpool, além da passagem pelo São Paulo. Escreveu nove livros sobre futebol o inglês segue demonstran­do carinho pelo clube nas redes sociais. Além disso, elogia o trabalho da atual diretoria e do técnico Diego Aguirre.

“Você pode ver que com Raí, Ricardo Rocha e Lugano o clube toma melhores decisões. Eu realmente espero que eles possam vencer o Brasileiro. Aguirre está fazendo um ótimo trabalho e os jogadores estão muito unidos.”

Beale recebeu propostas para trabalhar no Brasil, mas já tinha firmado o compromiss­o de voltar ao Liverpool.

Convidado por Gerrard para fazer parte de sua comissão técnica, diz estar contente com a nova oportunida­de na carreira, mas não descarta retornar ao Brasil um dia.

“O futebol [brasileiro] foi bom de viver e aprendi muito. Só foi mais curto do que eu planejei, e esse é meu único lamento”, completa.

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