Folha de S.Paulo

Dedicada a cuidar da família e a pesquisar a história dela

- Ricardo Hiar coluna.obituario@grupofolha.com.br

Viviane gostava de estar perto da família. Nascida em São Paulo, cresceu com os pais e dois irmãos na região de Artur Alvim, zona leste da capital paulista. Sempre muito unida, a família vivia bem apesar dos poucos recursos —a mãe se dedicava ao lar e o pai trabalhava com encanador.

A jovem era determinad­a e não tinha medo de trabalhar. Aos 15 anos conseguiu o primeiro emprego como atendente numa rede de fast food.

De formação cristã, nessa mesma época passou a frequentar a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Foi lá que conheceu Gilson, com quem casou em 1993.

O único filho do casal, Pedro Lehy, nasceu um ano depois. A jovem não deixava se abater e trabalhou até o oitavo mês de gestação. Foi caminhando até o hospital no dia em que o bebê nasceu. Segundo ela dizia, ser mãe foi a realização de seu maior sonho.

Depois que o filho nasceu ela passou a dividir o tempo em cuidar do filho, realizar alguns trabalhos externos e pesquisar a história de sua família.

Viviane passava horas buscando informaçõe­s sobre seus antepassad­os. Ela não desistiu nem mesmo quando enfrentou dificuldad­es de avançar e não conseguia novas ligações para sua árvore genealógic­a. A busca incessante por informaçõe­s deu resultado: encontrou uma nova conexão com mais de mil pessoas de sua ascendênci­a.

Ao lado do marido, também viajou para o Norte do país para conhecer e estudar a história familiar dele. A experiênci­a rendeu não apenas a descoberta de parentes e novas amizades mas também deu novos rumos à vida do casal, que migrou para Rondônia.

Eles viveram por dez anos na novo estado, até que retornaram para o interior de São Paulo.

Viviane fazia amigos por onde passava. Ela era firme nas palavras, mas agregava as pessoas e tinha grande sensibilid­ade. Preferia ouvir mais e pensar antes de responder algo. Por isso, era difícil se desentende­r com alguém.

Ela tinha o desejo de continuar apoiando o filho, agora casado, e sonhava em ter netos. Ela também planejava fazer uma viagem à Itália para continuar suas pesquisas genealógic­as e conhecer a terra natal de seus avós. Não teve tempo. Morreu no dia 25 de julho, aos 46 anos, vítima de um câncer no cérebro. Deixa os pais, o marido e o filho.

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