Folha de S.Paulo

Investigaç­ão não confirma estupro no metrô paulista

Em novo depoimento, estudante recuou e deixou de confirmar crime, diz polícia

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O Governo de SP disse que não se comprovou um estupro na estação Sacomã após análise de câmeras do metrô. Em novo depoimento, a estudante de 18 não confirmou o crime, segundo a polícia.

O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse nesta segunda-feira (27) que as investigaç­ões da polícia não conseguira­m confirmar até agora ter havido um crime de estupro na estação Sacomã do metrô na semana passada. Essa apuração policial inclui a análise de câmeras do próprio metrô.

Além disso, a própria estudante de 18 anos que havia registrado a queixa foi ouvida novamente na tarde desta segunda-feira (27) e não confirmou mais a ocorrência do crime, de acordo com a polícia —que não deu detalhes do depoimento, mas disse que as investigaç­ões continuam.

A jovem relatou inicialmen­te que havia sido atacada na noite da última quarta-feira (22), dentro da estação da linha 3-verde, quando seguiria para a faculdade. Segundo a primeira versão dela, um homem desconheci­do a ameaçou com uma arma de fogo e a levou para “um canto”.

A mãe dela, uma analista de sistemas de 46 anos, disse também que, depois do crime, a jovem foi acompanhad­a por esse homem até a estação São Joaquim do metrô, já na linha 1-azul.

O secretário da Segurança do governo Márcio França (PSB) disse que a polícia continua investigan­do esse caso com toda a atenção possível, mas que esse relato da vítima não foi confirmado.

“Até agora não se conseguiu confirmar a existência do crime [de estupro]. O metrô é uma área totalmente filmada. Não se conseguiu mostrar a existência do crime”, disse.

Procurada pela reportagem, a mãe da jovem atacada não atendeu as ligações nem respondeu aos recados deixados em sua caixa postal.

Mágino disse que um dos principais avanços na segurança pública paulista tem sido a quantidade cada vez mais alta de mulheres encorajada­s a procurar a polícia para relatar ataques —alguns ocorridos há muitos anos. O secretário diz que isso é algo que, por um lado, aumenta as notificaçõ­es, mas, por outro, ajuda no combate ao crime.

“Tudo isso é sinal que despertou na mulher vítima a consciênci­a de que ela deve notificar. Essa é uma forma de combater essa violência. A nossa obrigação é dar uma resposta nisso. Onde nós temos condições de agir, nós estamos agindo. Nós prendemos aí alguns predadores sexuais no último mês”, afirmou.

Predadores sexuais, segundo ele, seriam homens que fazem várias vítimas. “Parecido com seria killer”, disse.

De acordo com dados divulgados pelo Governo de São Paulo também nesta segunda, os registros de estupro recuaram 3% em julho, mas acumulam alta de 13% nos primeiros sete meses do ano no estado.

Foram notificado­s 6.164 casos nos primeiros meses do ano passado, contra 6.967 em igual período deste ano.

Sobre as notificaçõ­es de estupro, o secretário fez uma ressalva. “Há risco de começar um comportame­nto lesivo, que é a falsa notificaçã­o”, disse ele, que lembrou que a notificaçã­o do Sacomã ocorreu em meio a rumores de suposta onda de ataques na região do metrô Vila Mariana.

Na semana passada, o pedido de ajuda feito a funcionári­os de uma estação do metrô por uma jovem que relatou ter sido estuprada foi seguido de uma onda de rumores sobre ataques a mulheres na Vila Mariana, na zona sul.

Mas, segundo a secretaria, nenhum caso na região foi registrado no período pela Polícia Militar nem pela Polícia Civil, apesar da série de mensagens em redes sociais —com relatos sem comprovaçã­o nem pistas de vítimas, mas que acabaram se espalhando entre estudantes.

Além dos estupros, os dados estatístic­os divulgados pelo governo paulista nesta segunda-feira apontam para redução em todos os principais indicadore­s de violência em julho deste ano e reforçam a tendência de 2018.

No acumulado dos sete primeiros meses, os roubos de carga, por exemplo, que geram grande preocupaçã­o ao governo, tiveram uma redução de 17%: eles foram de 6.270 para 5.218 registros.

Isso se repete nos homicídios dolosos (intenciona­is), com redução de 11% neste ano: foram 2.059 casos registros nos sete primeiros meses de 2017, contra os 1.831 neste ano.

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