Folha de S.Paulo

Delator afirma que governador de Mato Grosso integrou esquema

- Pablo Rodrigo

O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), foi acusado por seu ex-secretário estadual de Educação Permínio Pinto, também tucano, de participar de esquema de fraude em contratos para beneficiar empreiteir­as em troca de propina para quitar dívidas da campanha eleitoral de 2014.

Taques nega a participaç­ão no esquema.

Permínio foi preso em julho de 2016 na Operação Rêmora, do Ministério Público de Mato Grosso, esquema de fraudes e direcionam­ento de 23 licitações da Secretaria de Educação estadual para construção e reformas de escolas, orçadas no total em R$ 56 milhões.

Em acordo de colaboraçã­o sob sigilo, homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio, o ex-secretário diz que tratou de “algumas licitações para serem direcionad­as com o próprio governador”, segundo o documento, ao qual a Folha teve acesso.

Segundo Permínio, o governador sabia do esquema. Ele entregou aos investigad­ores mensagens do aplicativo WhatsApp em que Taques, candidato à reeleição, pede “facilidade nas licitações”.

De acordo com ele, o empresário Alan Malouf (que também teve sua delação homologada pelo STF) e o ex-secretário da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, eram responsáve­is para que juntos com os demais secretário­s “encontrass­em uma forma de captar recursos para quitar dívidas de campanha deixadas para trás”.

“Os secretário­s mais próximos do Alan Malouf ficaram sob o seu comando, como eu, o Júlio Modesto (ex-secretário de Gestão) e Paulo Brustolin (exsecretár­io de Fazenda). E outros ficavam ligados ao Paulo Taques”, disse o ex-secretário.

Ele deixou o governo em 2016, no mesmo dia em que foi deflagrada a Operação Rêmora, e foi preso um mês depois, na segunda fase da operação.

Réu confesso, Permínio era chefe da pasta na época e diz ter atuado na execução de contratos, cobrando de propina das empresas vencedoras.

O delator também acusa o líder tucano na Câmara dos Deputados, Nilson Leitão (MT), de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Ele ficaria com 25% da propina dos esquemas na secretaria de Educação, segundo a delação. Pinto afirmou que foi indicado por Leitão para a pasta.

Pinto também mencionou outros esquemas de caixa dois envolvendo Leitão, que tenta se eleger senador na chapa de Taques.

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Ricardo Stuckert Os petistas Emídio de Souza (à esq.), Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad após visitarem Lula na manhã desta segunda-feira, em Curitiba

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