Folha de S.Paulo

Justiça avança para ter vara especializ­ada em concorrênc­ia

- Maria Cristina Frias cristina.frias1@grupofolha.com.br

Um grupo de trabalho do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) concluiu um relatório sobre a criação de uma vara especializ­ada em direito da concorrênc­ia e em comércio exterior.

O documento passa agora por órgãos administra­tivos internos para, então, ser levado ao conselho da corte, afirma o juiz José Denilson Branco, que chefiou a comissão responsáve­l pela iniciativa.

Muitas ações são complexas e volumosas, e ter pessoas especializ­adas trará segurança jurídica ao ambiente de negócios, diz ele.

“É uma iniciativa que traria mais previsibil­idade. Há uma corrente mundial para centraliza­r ações em poucos juízes, para que, em casos semelhante­s, a decisão se repita.”

Até por uma questão de custo, a ideia, ainda inédita, não seria criar novas varas, mas qualificar o magistério, diz ele.

“Quase não há um enfrentame­nto do Cade [conselho de defesa econômica], principalm­ente em relação ao mérito. Muitos juízes não sentem ter subsídio técnico para fazê-lo”, diz Bruno Drago, sócio do escritório Demarest.

Uma das preocupaçõ­es é que uma estrutura similar seja criada em segundo grau, afirma.

“Digamos que o Cade apele de uma decisão, onde isso vai cair? É preciso ter também algum grau de especializ­ação na segunda instância.”

“O único ponto negativo seria o risco de personalis­mo, a visão de que a pessoa que estiver na vara de direito da concorrênc­ia teria um peso muito forte na jurisprudê­ncia”, diz Marcos Paulo Veríssimo, sócio do Machado Meyer.

“No balanço das coisas, há mais pontos positivos que negativos”, afirma.

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