Folha de S.Paulo

Leilão de térmica no NE pode ser definido nesta terça

- Taís Hirata

O governo deverá decidir nesta terça-feira (28) sobre a realização de um leilão de usinas térmicas a gás natural no Nordeste.

Haverá uma reunião entre o Ministério de Minas e Energia e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) na qual poderá haver uma definição sobre o tema, afirmou o ministro Moreira Franco.

A EPE, sob o comando de Reive Barros, tem sido uma das principais defensoras da realização do certame. O órgão público é responsáve­l pelos estudos que embasam a construção de usinas.

A proposta inicial era que essa contrataçã­o fosse feita por meio de um leilão de reserva —modelo em que o governo compra a energia que será gerada para viabilizar o empreendim­ento e repassa os custos para a conta de luz de todos os consumidor­es.

O impacto seria de R$ 2 bilhões, por 20 anos, segundo cálculo da Abrace (associação dos grandes consumidor­es de energia elétrica).

A proposta, porém, gerou forte divergênci­a dentro do setor e dos próprios órgãos envolvidos na decisão.

O próprio ministro Moreira Franco dissera, em entrevista­à Folha, que não aprovava o leilão de reserva.

Além do impacto na conta de luz, parte dos especialis­tas questiona a necessidad­e de se contratar novas usinas.

Um estudo da consultori­a PSR indicou que, nos próximos anos, fatores como a finalizaçã­o de linhas de transmissã­o de Belo Monte e a entrega de projetos de geração contratado­s em 2014 e 2015 ampliariam a oferta e reduziriam a necessidad­e de mais usinas.

Defensores da ideia, por outro lado, afirmam que é necessário contratar as térmicas para dar mais segurança energética à região Nordeste, que sofre com uma forte seca (o que reduz a geração hidrelétri­ca) e que tem expandido sua geração eólica (que apresentar­ia riscos ao abastecime­nto porque depende dos ventos).

No início de agosto, uma reunião para decidir sobre o tema terminou com a determinaç­ão de que a EPE apresentas­se estudos adicionais para comprovar a necessidad­e do leilão.

Uma alternativ­a ao leilão de reserva seria a realização de um leilão de energia nova — que, diferentem­ente do outro modelo, não se torna um encargo ao consumidor.

A realização desse tipo de certame depende da demanda das distribuid­oras —são elas que ditam quanto será contratado, de acordo com sua projeção de demanda futura.

Para Nelson Leite, presidente da Abradee (associação das distribuid­oras de energia), pode haver uma demanda decorrente da substituiç­ão de usinas térmicas a óleo cujos contratos se encerram em 2023.

Ou seja, pode haver um leilão para contratar novas térmicas a gás (mais baratas e menos poluentes) para que estas sejam construída­s em um prazo de cinco anos.

“As empresas foram consultada­s, mas cada uma tem sua estratégia. Dependendo da estratégia individual [das distribuid­oras], pode ser que alguma declare necessidad­e.”

O acionament­o de térmicas a óleo é um dos maiores fatores que elevam a conta de luz.

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