Folha de S.Paulo

MT mostra entusiasmo na produção de etanol de milho, diz analista de banco

- Mauro Zafalon mauro.zafalon@uol.com.br

Mato Grosso mostra um entusiasmo pelo etanol de milho, e o histórico das vendas de combustíve­is no estado e nas regiões vizinhas aponta para um bom potencial. A avaliação é de Andy Duff, analista de açúcar e de etanol do Rabobank, banco especializ­ado em agronegóci­o. Na safra 2017/18, Mato Grosso produziu 1,40 bilhão de litros de etanol. Deste volume, 290 milhões foram de combustíve­l oriundo de milho. A capacidade produtiva a ser incorporad­a no setor é de 1,5 bilhão de litros, considerad­os apenas os grandes projetos com o cereal a serem desenvolvi­dos nos próximos anos. A produção de Mato Grosso abasteceri­a não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia. Nessa região, o consumo de combustíve­l do ciclo Otto (gasolina e etanol) tem evolução média anual de 8%.

A perspectiv­a de cresciment­o, tomando como base a média histórica da região, é boa, mas depende de alguns fatores, diz Duff.

Essa dependênci­a passa pela evolução da renda da população, pelo acesso a crédito para a aquisição de carros e pelo aumento do uso do veículo.

O estrategis­ta destaca, ainda, que o aumento do consumo do etanol hidratado depende da eficiência do combustíve­l e da paridade de preços entre álcool e gasolina.

Duff traça dois cenários. Se a gasolina mantiver a fatia atual de mercado, a demanda nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia aumentará 1 bilhão de litros de 2017 a 2023. Eficiência maior do etanol gerará um aumento de 2,1 bilhões de litros no período.

É difícil avaliar os preços futuros, segundo o analista do Rabobank. Eles dependem da oferta de etanol e do valor da gasolina. Já este depende dos preços externos do petróleo, do câmbio e da tributação.

A produção de etanol de milho e de seus derivados (o DDGS é um deles) é interessan­te, principalm­ente se o preço do cereal refletir o valor médio dos últimos anos e a venda de etanol ocorrer no estado e na vizinhança sob as condições atuais de precificaç­ão da gasolina, diz Duff.

O etanol de milho movimenta outras atividades. Serão necessário­s 85 mil hectares de eucalipto para a produção de cavacos para a industrial­ização projetada.

Duff alerta, no entanto, que a demanda de etanol e os preços futuros, por causa da volatilida­de natural no setor, podem gerar riscos. É importante testar os projetos com cenários de estresse.

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Mauro Zafalon - 10.jul.15/Folhapress Evolução da demanda de combustíve­is em MT favorece projetos

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